SP: famoso por depredar prefeitura, jovem perde emprego e larga faculdade
O estudante de arquitetura Pierre Ramon, 20 anos, revela, quase seis meses após o início das manifestações populares pela redução das tarifas de ônibus, que a exposição daquele momento acabou virando a sua vida do avesso. Ramon protagonizou, em rede nacional, cenas de depredação do edifício da Prefeitura da capital paulista. Quando se entregou à […]
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O estudante de arquitetura Pierre Ramon, 20 anos, revela, quase seis meses após o início das manifestações populares pela redução das tarifas de ônibus, que a exposição daquele momento acabou virando a sua vida do avesso. Ramon protagonizou, em rede nacional, cenas de depredação do edifício da Prefeitura da capital paulista.
Quando se entregou à polícia, dois dias depois da manifestação, foi indiciado sob a acusação de dano, crime que, quando cometido contra o patrimônio público, tem pena prevista de até três anos de prisão. Pierre diz que nunca tinha ouvido falar em black blocs e que atacou a prefeitura porque recebeu “spray de pimenta na cara”. “Nunca fui de arrumar briga. Não sou um cara agressivo. Mas, no calor da hora, acabei tomando aquela atitude”, lamenta. “Desde então, estou perdido. Minha vida virou do avesso.”
Pierre perdeu o emprego de garçom numa casa noturna do Itaim, bairro nobre da zona oeste de São Paulo e se viu obrigado a trancar o curso de arquitetura pela falta de dinheiro. “É tudo deprê. Sem trampo, sem dinheiro… Parece que vivi uns três anos de junho para cá.”
Sete quilos mais magro, o manifestante conseguiu fazer alguns bicos até que conseguiu um emprego fixo em setembro, como garçom em uma casa de striptease no Tatuapé, zona leste. A carga horária, no entanto, não permite retomar os estudos.
“Fui errado e estou disposto a arcar com as consequências e pagar centavo por centavo tudo o que fiz de dano”, disse o jovem. Apesar dos problemas particulares, Pierre acredita que tenha se tornado uma espécie de ícone dos protestos de junho, para o bem ou para o mal.
“Mais de 3.000 pessoas me mandaram mensagens do Facebook. Só duas me xingavam”, conta. “Uns me chamavam para torcidas organizadas, outros elogiavam o quebra-quebra, depois a dignidade de ter assumido o que fiz e, por último, a coragem de ter pedido desculpas.”
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