Crise por conta dos baixos salários se agrava a cada dia na Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol/MS), Roberto Simeão de Souza, dois escrivães que atuavam em Dourados pediram exoneração na última semana, desmotivados pela falta de perspectiva na carreira.

“Essa é a realidade da categoria na nossa região. Como já citei em outras ocasiões, temos uma das piores remunerações do país (25° lugar entre os 27 estados), bem abaixo das de outros locais considerados menos desenvolvidos. A estrutura não é das melhores, faltam profissionais e alguns ainda estão procurando outros caminhos para seguir, deixando a polícia”, disse Simeão.

Este é o caso de Angelo Magno Lins do Nascimento, bacharel em direito. Ele foi um dos servidores que pediram exoneração. “Me formei e fui aprovado no Exame da Ordem. Aproveito a oportunidade para tentar seguir carreira como advogado, pois como escrivão, estava completamente desmotivado. O salário é baixo e ainda não existe previsão de melhorias”, explicou Magno.

Segundo a Lei Orgânica dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul, o Estado deveria contar com pelo menos 1.800 homens no efetivo, entretanto, conforme Simeão, existem apenas 1.020. “Faltam profissionais, e pelo menos por enquanto, não será aberto concurso. Todos os setores precisam de mais agentes. No caso dos escrivães, temos 200 e precisamos de, no mínimo, mais 400”, destacou.

Magno defende a mesma ideia: “Só em Dourados, por exemplo, éramos 15. Agora que o outro e eu saímos, são somente 13 escrivães. Para que o trabalho possa fluir da maneira correta, teria que ser o dobro. Estávamos sobrecarregados pois tínhamos que trabalhar nas delegacias e ainda fazer plantão, ou seja, jornada dupla pelo salário baixo de sempre, sem remunerações extras”, explicou. A categoria, por meio do Sinpol/MS, tenta um acordo com o Governo do Estado, mas por enquanto não foram abertas negociações.