O racha no PT em torno da condução da reforma política marcou neste sábado a reunião do diretório nacional do partido. Munidos de cartazes com os dizeres “Sou PT e quero plebiscito – Vaccarezza não me representa”, dez militantes petistas postaram-se diante da sede da legenda desde cedo e pediram a saída do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) da comissão de reforma política.

Do lado de dentro, em uma reunião tensa, com fortes críticas a Vaccarezza – que deixou clara a impossibilidade de mudanças no sistema político valerem para as eleições de 2014 -, o ex-presidente do PT José Eduardo Dutra foi um dos poucos que saiu em defesa do parlamentar.

“Não dá tempo de aprovar até outubro deste ano uma reforma política com efeitos para as eleições de 2014. Nem plebiscito nem comissão da Câmara produzirão resultados agora”, disse Dutra. Ex-senador, ele defendeu a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que prevê proibição de doações por parte de empresas e eleição em dois turnos para deputados. “Precisamos ter foco para viabilizar alguma mudança para 2014. O Ficha Limpa foi aprovado no Congresso em um mês”, argumentou.

Nos últimos dias, Vaccarezza e a bancada do PT protagonizaram um bate-boca público sobre a reforma política. Na sexta-feira, o líder do partido na Câmara, José Guimarães (PT-SP), divulgou uma nota dizendo que as opiniões de Vaccarezza “não expressam o pensamento nem da bancada na Câmara nem do PT”. Outros 39 dos 89 deputados do PT assinaram manifesto em solidariedade a Henrique Fontana (PT-RS), que deixou a comissão da reforma política depois que Vaccarezza assumiu.

Criticado por seus pares por dizer que o plebiscito popular defendido por Dilma e pelo PT não tem condições de produzir resultados agora, Vaccarezza não compareceu neste sábado à reunião do partido. Em nota, ele afirmou que não se pode transformar a discussão da reforma política em uma “arena” política. “Reafirmo publicamente o meu compromisso pessoal com a aprovação do plebiscito na Câmara”, escreveu.

Para Eduardo Valdoski, um dos militantes do PT que neste sábado levantou cartaz de protesto contra Vaccarezza, o deputado deveria deixar o partido. “Ele tem mais perfil de deputado do PMDB”, provocou. Foi o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), quem indicou o petista para o comando da comissão de reforma política. A indicação foi avalizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contrariou Dilma e a bancada petista.