População diz que compra de votos é comum e trocas vão de gasolina até dentadura
O Midiamax foi às ruas para ouvir a população e saber o quanto está disseminada a ‘prática’. Entrevistados afirmam que há diversos produtos “à disposição” do eleitor que vão desde gasolina até dentaduras.
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O Midiamax foi às ruas para ouvir a população e saber o quanto está disseminada a ‘prática’. Entrevistados afirmam que há diversos produtos “à disposição” do eleitor que vão desde gasolina até dentaduras.
Com vereadores de Campo Grande na mira da Justiça Eleitoral, em investigações de supostas compras de votos, o Midiamax foi às ruas para ouvir da população quão disseminada é esta prática. Entrevistados afirmam que há diversos produtos “à disposição” do eleitor, desde gasolina até dentaduras.
“Desde que eu era criança a compra de voto existia, principalmente no dia da eleição. Antes os assessores dos políticos ofereciam muito sapato e dentadura”, conta o aposentado Manoel Pinheiros, de 90 anos.
Sua filha, Diva Félix, de 66 anos, artista plástica, concorda que a prática é antiga e que dificilmente vai acabar. “Acho que o Brasil não vai mudar isso, porque é muita corrupção e o povo já está corrompido”, afirmou.
Para alguns, a população está tão acostumada que parte dela a iniciativa de ir atrás de qual político está oferecendo “benefícios” em troca de um voto. “Tem gente que sai procurando quem está comprando e pega o quanto conseguir. O político acaba achando a compra como um obrigação”, afirma o zootecnista Oséas Sá, 20 anos.
Nenhum entrevistado confirmou que já aceitou alguma oferta, em troca de votar em algum candidato, mas todos citaram algum produto que já “ouviram falar” que é oferecido: gasolina, cesta básica, casa, emprego, ajuda de custo para fazer reuniões, adesivos em carros, pinturas de muros, consultas médicas, entre outros.
O advogado e professor, Ricardo Leão, 34 anos, já foi candidato a deputado estadual em Campo Grande e conta que, ao contrário do que muitos pensam, a compra de votos não é só uma prática com pessoas sem estudo.
“Ofereci a amigos meus para que colassem adesivos nos carros e ajudassem a divulgar meu nome e muitos me perguntavam o que iam ganhar em troca, sendo que a maioria não era pobre e tinha instrução. Ou seja a corrupção não está só no poder, mas também na comunidade”, afirmou.
Questionados quem é o principal culpado da compra de voto, se é quem vende ou quem compra, há opiniões divergentes. “A culpa é da população que aceita. Se ninguém aceitasse não seria comum”, disse Sônia Queiroz, 41 anos, professora.
“Os políticos estão enganando eles mesmos, porque às vezes as pessoas nem votam neles e isso mostra o caráter dos dois”, afirmou a atendente Neliete Silva, 39 anos. “Os dois estão errados, por isso que eu não vendo, não adianta trocar também por mixaria”, destacou Irene Carlos Gomes, 47 anos.
O serralheiro Ozano Rocha, 45 anos, vai mais longe e diz que político só aparece em bairro em época de eleição e quase sempre para comprar voto. “Não sei para que vereador. Eles só aparecem de quatro em quatro anos nos bairros. Nem um ao menos perdido para sequer pedir informação eu vejo no meu bairro. Não adianta fazer protesto e depois votar errado. Tudo tem que mudar”, concluiu.
A Justiça Eleitoral atualmente investiga os vereadores Alceu Bueno(PSL), Delei Pinheiro (PSD), Paulo Pedra (PDT) e Thais Helena (PT) por suspeita de troca de votos por combustível. O presidente da Câmara, vereador Mário César (PMDB) chegou a ser afastado do cargo recentemente, mas recorreu à Justiça e voltou a ocupar a vaga.
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