Internos praticam empreendedorismo rural no Centro Penal da Gameleira

Onze reeducandos do Centro Penal e Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande (MS), aplicaram noções de empreendedorismo rural em um desafio empresarial durante o curso de Produtor de Mandioca. Com estratégias de vendas e foco no consumidor, os detentos simularam ações de uma empresa dentro da penitenciária de regime semiaberto para o encerramento da capacitação, […]

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Onze reeducandos do Centro Penal e Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande (MS), aplicaram noções de empreendedorismo rural em um desafio empresarial durante o curso de Produtor de Mandioca. Com estratégias de vendas e foco no consumidor, os detentos simularam ações de uma empresa dentro da penitenciária de regime semiaberto para o encerramento da capacitação, na última semana. A capacitação foi ministrada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS– Sistema Famasul), por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

GVL Grills foi o nome dado à empresa que durante uma tarde comercializou 103 espetinhos de carne com mandioca cozida dentro do Centro Penal. Com patrocínio, divulgação do produto, promoções e trabalho em equipe, os reeducandos alcançaram o lucro de R$ 310,00 com a atividade proposta pelo módulo de empreendedorismo, do curso de produtor de mandioca, que teve duração de 30 dias.

Desenvolvido no Centro Penal a pedido do Ministério da Justiça, por meio da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), o curso de produtor de mandioca é o segundo realizado por meio do Pronatec do Senar/MS. Foram 160 horas de capacitação divididas entre conteúdos práticos e teóricos, com técnicas de plantio, preparo do solo, trabalho em grupo, uso de equipamentos de proteção e empreendedorismo rural.

Para o diretor da unidade prisional, Tarley Cândido Barbosa, a capacitação vai além do aprendizado técnico. “É notória a mudança no relacionamento entre os participantes do curso e os profissionais do presídio. O que aprenderam nesse mês certamente reflete na satisfação pessoal de cada um”, afirmou o diretor, que preferiu avaliar o rendimento dos reeducandos com uma frase de Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”.

Preso por seis anos e em regime semiaberto há dois meses, Ronaldo Ferreira anunciou durante o encerramento da capacitação que está sendo preparado para retornar ao convívio social: “Na relação com o instrutor do curso, além de aprender a preparar um terreno e combater pragas no plantio de mandioca, tive a certeza que ações como essa me preparam para a sociedade e me dão argumentos para ser um homem melhor”.

A capacitação superou todos os objetivos de acordo com a coordenadora regional do Pronatec pelo Senar, Leila Maciel. “O processo de ressocialização só tem sucesso quando se tem pessoas competentes na direção. Nessa capacitação houve uma soma de esforços que resultou na mudança comportamental dos reeducandos, o que vai além das nossas intenções”, enfatiza Leila.

O Centro Penal e Agroindustrial da Gameleira atualmente tem capacidade para 960 reeducandos e sua estrutura passa por reformas diariamente, com obras desenvolvidas pelos próprios detentos. No setor rural, além do cultivo de mandioca, implantado pelo curso do Senar/MS, já foram plantados na horta da penitenciária alface, beterraba, abóbora, couve-flor, quiabo e outro produtos. Parte do que é produzido lá é dividido para comercialização e o restante é destinado para doações.

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