O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, registrou desvalorização de 0,30% no pregão desta sexta-feira (15). É a sétima queda consecutiva nas últimas sessões. Novamente, as ações da Petrobras, que terminaram o dia desvalorizadas em 0,57%, contribuíram fortemente para o recuo.

Refletindo o momento delicado pelo qual passa a estatal, este é o oitavo pregão em queda da empresa petrolífera e o pior desempenho na Bovespa desde Dezembro de 2005.

As performances ruins na bolsa de valores são consequência de uma série de notícias negativas vindas da empresa. Uma delas é a queda de 36% no lucro da estatal em 2012, quando comparado ao ano anterior. A própria presidente, Maria das Graça Foster, anunciou que a retomada do crescimento ainda deve demorar e que 2013 será um ano “complicado” para a Petrobras.

O aumento nas tarifas de combustíveis, anunciadas no último mês, também não agradaram o mercado, que esperava um acréscimo ainda maior. Tudo isso acabou refletindo na Bovespa, onde a empresa vem acumulando perdas significativas em valor de mercado.

“Acredito muito na excelência técnica e na capacidade da Graça Foster, mas acontece que ela está um pouco “amarrada” para tomar decisões que signifiquem ajustes efetivos na Petrobras”, acredita o economista Júlio César Insaurralde, da Verax Consultoria. “Não podemos mais continuar sustentando os preços dos combustíveis, isso não ajuda corporativamente a Petrobras e ainda manda uma mensagem negativa para investidores e parceiros”, afirma.

Segundo ele, em três meses houve um prejuízo de R$ 5 bilhões no mercado. “Mas o mais grave é que nos próximos meses as agências de classificação de riscos podem rebaixar a nota da Petrobras e isso provocaria uma nova queda na Bolsa”, avalia.

Ainda assim, o analista não acredita que as oscilações da Petrobras afetarão o índice Ibovespa como um todo. “A Petrobras representa no Ibovespa algo entre 10 e 20 % do índice. É bastante, mas acredito que apenas se estas oscilações se tornaram crônicas é que vão afetar o índice a longo prazo. E eu não acredito que seja crônica, creio que em algum momento neste ano vai se estabilizar”, explica.

Efeitos no setor

Insaurralde destaca, no entanto, que, pelo “tamanho e importância” da empresa na economia brasileira e da América latina, as oscilações na Bovespa podem sim afetar o setor como um todo, com outras empresas prejudicadas. “Sendo a Petrobras a maior empresa energética do Brasil e seu produto um importante componente na formação de preços em todos os setores econômicos, podemos também afirmar que as oscilações cíclicas afetam também outros setores da economia brasileira”, analisa.

Porém, o economista não vê a situação da estatal, nem o seu futuro, com pessimismo. Para ele, é bom destacar que, apesar da queda, a Petrobras ainda atua dentro de um saldo positivo no lucro anual. “O ganho, embora seja pequeno, ainda é positivo, só é negativo nas expectativas de ganho dos investidores”, acredita.

“Os investidores não estão ganhando o que eles esperavam. Quando investiram nos papeis da Petrobras a curto prazo queriam e esperavam manter o status quo. Mas, internamente, a Petrobras precisou efetuar alguns ajustes técnicos e isso acabou diminuindo o ritmo de investimentos para recompor as finanças”, finaliza.

Bovespa perde os 58 mil pontos

Depois de muitas oscilações durante o dia, o índice, além de ter fechado em baixa, não conseguiu atingir a marca de 58 mil pontos pela primeira vez desde 6 de dezembro de 2012, e terminou o dia aos 57.903 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7 bilhões.