A Presidência do Egito destacou neste domingo que “o diálogo é a única via” para tirar o país da crise a qual se encontra, com grandes manifestações a favor da renúncia do presidente Mohammed Mursi.

Em entrevista coletiva, o porta-voz da Presidência, Ihab Fahmi, afirmou que Mursi está disposto a dialogar, já que essa “é a única via para conseguir um acordo nacional” capaz de superar todas as diferenças envolvidas.

“Não há nenhuma medida que tomar à parte do diálogo. Não há alternativas para chegar a uma reconciliação nacional verdadeira”, ressaltou Fahmi, em referência aos passos necessários para acalmar a situação no país.

Fahmi também considerou que o respeito às diferentes opiniões “é um traço da democracia” e pediu aos egípcios manterem a calma, participarem pacificamente das manifestações e se unirem “contra as tentativas de discórdia”.

O porta-voz da Presidência negou que haja mudanças no governo do primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, ou uma hipotética transferência de poder às forças armadas.

“O único papel do Exército egípcio é proteger as fronteiras do país e suas instituições vitais”, acrescentou o porta-voz, que desmentiu que os militares tenham tentado mediar um diálogo entre a Presidência e as forças políticas.

Em relação aos problemas econômicos que o Egito atravessa, Fahmi assegurou que Mursi se reuniu há poucos dias com os governadores e alguns ministros para que os mesmos aumentassem seus esforços e apresentassem soluções aos problemas identificados.

Neste domingo, dezenas de milhares de pessoas voltaram a se concentrar na Praça Tahrir do Cairo para pedir a renúncia de Mursi, enquanto várias manifestações também ocorrem em outras zonas da capital.

Os manifestantes também se concentraram nas imediações do palácio presidencial de Itihadiya, situado no bairro de Heliópolis, e em outras localidades do país.

Segundo a agência oficial de “Mena”, pelo menos 46 pessoas foram detidas hoje no Cairo e na vizinha província de Guiza, a maioria delas por posse de armas.

No geral, o ambiente é de tranquilidade, embora em várias províncias do país, especialmente do delta do rio Nilo, os opositores chegaram a atacar sedes do partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana.

Mursi completa hoje seu primeiro ano no poder com um claro desconforto político e social que o pôs no olho do furacão por parte dos opositores, que exigem sua renúncia e a antecipações das eleições presidenciais.