Os passos para a integração e a busca de soluções para problemas comuns na fronteira Brasil-Paraguai continuam avançando. Depois de visitar Carmelo Peralta no final da semana passada e apontar necessidades de cooperação mútua nas áreas de saúde e educação, o prefeito Heitor Miranda dos Santos (PT), de Porto Murtinho, esteve segunda-feira, 25, em mais uma localidade do Alto Paraguai: Vallemy, departamento de Concepción. Em pauta, a parceria por investimentos em infraestrutura, com a construção de uma ponte sobre o Rio Apa e a continuidade de obras rodoviárias, para fomentar setores potenciais das potencialidades econômicas fronteiriças.

Acompanhado dos vereadores Fabinho Santos e Carlos Heitor (PT), além do empresário Flávio Queiroz, o prefeito avistou-se com autoridades paraguaias, entre elas o governador de Concepción, Carlos Nunes Martinez; o cônsul e o vice-cônsul brasileiros, César Dustan Fleuri Curado e Silverio Freitas; e lideranças políticas. A construção da ponte é tida como fator definitivo de integração e de promoção social e econômica. O melhor local para a obra, segundo as autoridades, é no trecho sobre o Rio Apa entre o distrito murtinhense de Colônia Ingazeira e Vallemy.

ENCURTAR DISTÃNCIAS – A ponte, já em cogitação pelos dois governos, vai atender diretamente as 150 mil pessoas que habitam nessa faixa fronteiriça e encurtar várias rotas à disposição de turistas e investidores, ao longo do percurso entre o Sudoeste de Mato Grosso do Sul e Assunción, capital do Paraguai. O governo paraguaio já asfaltou mais de 70% do trecho de 190 km entre Assunción e Vallemy, que por sua vez está a 60 km de Porto Murtinho e a 200 km de Bonito. A ponte, nesse ponto da fronteira, encurta em 200 km a distância de Assunción ao chamado Circuito das Águas, pólo ecoturístico no Sudoeste reunindo os municípios de Porto Murtinho, Bodoquena, Bonito, Jardim, Caracol, Guia Lopes e o Pantanal de Corumbá. O roteiro é atraente não só para os paraguaios, mas também para os argentinos, que já elegeram a região entre seus points preferidos para incursões turísticas.

Do ponto-de-vista econômico e social, Heitor e seus anfitriões destacaram no encontro a diversidade e um grande potencial de riquezas, ainda inexploradas em sua maioria. “O turismo da pesca, que já é forte ao longo do Rio Paraguai, pode crescer em trechos piscosos do Rio Apa, sempre pela ótica da sustentabilidade e na perspectiva de opções ecologicamente corretas, como a criação de peixes em tanque-rede, o pesque-solte e a captura controlada e disciplinada em zoneamento técnico-ambiental”, define Heitor.

MAIS RIQUEZAS – Além da pesca, a atração aos visitantes estende-se a dezenas de outros endereços: as cavernas coloridas em rocha calcárea de Vallemy, as paradisíacas praias fluviais do Apa e do Paraguai, os santuários ecológicos do bioma pantaneiro e do Circuito das Águas, o Parque Natural Cachoeira do Apa, a Serra da Bodoquena, as reservas indígenas e os pontos históricos da ocupação demográfica ao longo da fronteira.

Também contam no mapa de potencialidades as riquezas minerais de Vallemy e San Lazaro, com abundantes reservas de mármore de várias cores, produção maciça de cal , cimento, pedras e areia de alta qualidade; e a pecuária, que registra nos dois lados da fronteira – o sul de Porto Murtinho e o Alto Paraguai – um rebanho de mais ou menos dois milhões de cabeças de gado. Da cidade murtinhense á Colônia Ingazeira, o percurso é de 64 km, dos quais estão asfaltados 10 km, na BR-267; os outros 54 km são estrada de terra e pertencem à MS-195.

Ao final da reunião de trabalho, ficou deliberado que as bases parlamentares e autoridades nacionais dos dois países serão mobilizadas para viabilizar os recursos necessários. Uma das alternativas é recorrer ao Focem (Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul ), que já financia a obra de pavimentação entre Assunción e Concepción).