Em debate acalorado, a CPI do Calote decidiu, pelo menos por enquanto, adiar busca e apreensão de documentos na Prefeitura de Campo Grande e deu mais 70 horas para o prefeito Alcides Bernal (PP) apresentar relação completa de contratos, licitações, empenho e pagamentos.

Relator da comissão, o vereador Elizeu Dionízio (PSL) defendeu ir à prefeitura atrás do material e ganhou o apoio do vereador Otávio Trad (PTdoB). O vereador Alex do PT, por sua vez, pediu diálogo e cautela e o presidente da CPI, vereador Paulo Siufi (PMDB), atendeu o apelo.

Para o relator, Bernal não respeitou à Câmara ao pedir dilação do prazo e não cumpriu acordo de encaminhar os documentos até 24 de junho. Indignado com a atitude, ele chegou a sugerir uso de “força policial para que esse relatório contemple o anseio da população”.

“Não quero ser taxado de omisso, até porque já está virando brincadeira do prefeito essa questão de prazo. Não vou ser responsabilizado pela incompetência do prefeito”, disparou. Otávio concordou por entender ser um “desrespeito” de Bernal com a Câmara.

Líder do prefeito na Casa, Alex pediu diálogo “porque a radicalização não contribuiria”. “Não se trata de disputa política”, acrescentou. “Parece precipitação política”, prosseguiu. Elizeu não aceitou a justificativa e cobrou eficácia da transparência. “Se o site da prefeitura funcionasse, não seria necessário tudo isso”, frisou.

Presente na reunião, o presidente da Câmara, vereador Mário César (PMDB) sugeriu que, em vez de fazer busca e apreensão, sejam convocados os secretários de Finanças, Administração e o procurador-geral da prefeitura.

Elizeu aceitou, mas cobrou sanção no caso de os secretários não cumprirem o acordado. O castigo seria o afastamento do cargo. “Seria muito agressivo um ofício desta maneira”, avaliou Siufi.

No final das contas, com o argumento de “não ir muito ao céu nem muito a terra”, o presidente da CPI deu até as 14 horas da próxima quinta-feira (4) para o prefeito enviar os documentos que faltam.