O Sindicato Rural de Corumbá e a Ong SOS Taquari buscarão apoio das lideranças políticas e das entidades ruralistas dos municípios vizinhos, como Miranda e Aquidauana, para contrapor às acusações dos pescadores profissionais de Coxim, que voltam a envolver o Ministério Público Federal (MP) na tentativa de responsabilizar os pantaneiros do Pantanal pelos danos ambientais ao Taquari.

Os pescadores, respaldados por políticos influentes de Coxim, conseguiram convencer o MP a realizar uma audiência pública sobre a questão dos arrombados – assunto que se discute desde os anos de 1980, mesmo com uma posição técnica da Embrapa Pantanal -, no dia 5 de abril, naquela cidade. Os pescadores acusam os pantaneiros de fechar as “bocas” (margem do rio rompida pela água).

Mobilização

Em denúncia ao MPF e à Polícia Civil de Corumbá, o sindicato e a organização não-governamental apontaram que os pescadores descem o rio e entram no município para abrir os trechos arrombados, que são fechados pelos fazendeiros para impedir a inundação de suas terras, grande parte debaixo de água. A denúncia apontou nomes dos envolvidos (donos de lanchas e empresários ligados a grupos políticos de Coxim).

Nesta terça-feira, o presidente da SOS Pantanal, Daniel de Barros Marinho, discutiu o assunto com os vereadores de Corumbá, e no dia 2 de abril haverá uma reunião com o prefeito Paulo Duarte, com a participação da Câmara Municipal e do Sindicato Rural, para definir uma ação visando respaldar a participação do município na audiência pública. Será solicitada a presença da Embrapa Pantanal.

No encontro, o presidente da SOS Taquari fez um relato da situação, dizendo que há má fé e desconhecimento da realidade do Taquari, desviando a atenção em relação aos crimes ambientais praticados pelos pescadores profissionais de Coxim, os quais destroem os arrombados para concentrar os peixes e praticar a pesca com rede. “Eles fazem isso porque a pesca reduziu em mais de 90%”, observou.

Deserto aquático

Enquanto a questão dos arrombados volta à discussão, o problema do Taquari se agrava por falta de uma ação de governo, alerta Daniel Marinho. “Virou um deserto aquático, a cadeia alimentar está comprometida, são 1,5 milhão de hectares inundados, sem vida, sem nada”, frisou. Ele pediu o apoio dos vereadores afirmando que a posição da Câmara é fundamental. “A briga é de todos nós.”

Os vereadores presentes à reunião – Marcelo Iunes, Carlos Alberto Machado, Evander Vendramini, Luciano Costa, Cristina Lanza, Ronaldo da Saúde, Yussef Salla e Mohamad Abdallah – se comprometeram em participar do movimento pró-Taquari e defendem uma solução definitiva para o rio. A vereadora Cristina Lanza propôs o testemunho de ex-pequenos produtores do Taquari na audiência pública.