Fortalecido nas eleições municipais de 2012, o PSB vinha ensaiando, ao longo do último ano, sua emancipação política do PT, histórico aliado no âmbito nacional, o que culminou com a decisão de deixar a base aliada da presidente Dilma Rousseff em setembro. Com o anúncio da filiação de Marina Silva – responsável por angariar mais de 20 milhões de votos na última eleição presidencial, em 2010 -, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, consolidou seu plano de lançar uma terceira via para concorrer à Presidência da República em 2014.

A missão é romper a polaridade entre PT e PSDB. De olho no maior número de palanques, porém, o novo “queridinho” da política brasileira tem atraído a atenção de líderes dos dois lados da trincheira, formalizando alianças até mesmo com antigos desafetos.

A um ano das eleições de 2014, o PSB registrou um expressivo aumento nos seus quadros partidários. À filiação de Marina Silva, formalizada no último dia permitido pela Justiça Eleitoral a tempo de disputar o pleito, seguiu-se uma enxurrada de filiações ao PSB de lideranças da Rede Sustentabilidade, partido idealizado pela ex-senadora e que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a própria Marina, a migração para o PSB tem um caráter de “aliança” entre os dois partidos, permanecendo a Rede em processo de estruturação.

“Eu continuarei porta-voz da Rede Sustentabilidade. É uma filiação democrática. Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia. Quero agradecer aos companheiros do PSB a chancela política e eleitoral que a Justiça eleitoral não nos deu”, disse a mais nova socialista, durante o anúncio oficial do acordo.

Entre as principais lideranças da Rede Sustentabilidade que acompanharam Marina e migraram para o PSB estão os deputados federais Walter Feldman (SP) e Alfredo Sirkis (RJ), que deixaram, respectivamente, o PSDB e o PV. Outros membros da cúpula da Rede próximos à ex-senadora acreana, incluindo Bazileu Margarido e Pedro Ivo, também se uniram aos socialistas.

Aproveitando a imagem associada a Marina, de uma política ética ligada às questões sociais e ambientais, Eduardo Campos tomou como referência as manifestações populares de junho para dizer que sua companheira de chapa personifica a mudança que a sociedade clamou quando foi às ruas. “Quem entendeu o que as ruas do Brasil em alto e bom som disseram, quem entendeu o que aconteceu no Brasil em junho, não tem nenhuma dificuldade de entender o que ocorrer aqui hoje. O que ocorre aqui hoje é o desejo de discutir o Brasil. Quero melhorar a política, alguém que traga pureza, que traga a voz das ruas. Tenho clareza que nós aqui estamos recebendo a Rede no PSB para fazer a aliança programática porque reconhecemos a Rede como algo necessário para melhorar a política no Brasil”, disse no último sábado, ao fazer o anúncio da aliança com Marina Silva.

Apesar de se apresentar como um representante desse novo paradigma, o governador de Pernambuco costura, nos bastidores, acordos com velhas raposas da política brasileira.