A superintendência-geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) detectou problemas concorrenciais na fusão entre os grupos educacionais Kroton e Anhanguera e recomendou que sejam aplicadas restrições à operação.

Para o órgão, a união gera alta concentração em três municípios no segmento de ensino presencial e em 50 municípios na educação à distância –incluindo cursos que são oferecidos nacionalmente e aqueles ofertados apenas localmente.

O parecer do órgão foi publicado nesta quarta-feira (4) no Diário Oficial da União. Caberá ao Tribunal do Cade analisar a recomendação e julgar quais devem ser as restrições impostas às companhias. O Cade pode aplicá-las unilateralmente ou por meio de acordo com as empresas.

A incorporação da Anhanguera pela Kroton, ambas com ações negociadas na Bolsa, foi anunciada em abril deste ano. A operação, avaliada em R$ 5 bilhões, criou uma gigante global do ensino.

A avaliação do Cade já era esperada pelas companhias. Após o anúncio da fusão, a Kroton indicou que havia sobreposição das operações em quatro municípios no ensino presencial, concentração avaliada como baixa por seus executivos.

De acordo com a superintendência-geral do Cade, se a operação for aprovada sem restrições há risco de prejuízo aos alunos dos cursos e dos municípios, como aumento de preços, redução da oferta de serviços e queda na qualidade de ensino.

Isso porque as instituições concorrentes de Kroton e Anhanguera não seriam capazes de oferecer rivalidade suficiente nos mercados onde foram detectados os problemas concorrenciais.

A avaliação é que as duas companhias, devido à escala e à capilaridade, possuem vantagens na captação de alunos, no catálogo de cursos oferecidos, nos preços, entre outras variáveis.