Bebês nascidos no tufão lutam pela vida nas Filipinas
Na capela do único hospital público em funcionamento na cidade filipina de Tacloban, devastada por um tufão na semana passada, sete bebês prematuros sofrem com o forte calor, observados por mães preocupadas e por um Cristo de madeira. Um oitavo, nascido dois dias depois da passagem da gigantesca tempestade Haiyan, na sexta-feira, é mantido vivo […]
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Na capela do único hospital público em funcionamento na cidade filipina de Tacloban, devastada por um tufão na semana passada, sete bebês prematuros sofrem com o forte calor, observados por mães preocupadas e por um Cristo de madeira.
Um oitavo, nascido dois dias depois da passagem da gigantesca tempestade Haiyan, na sexta-feira, é mantido vivo graças à avó que, apesar da exaustão, continua bombeando manualmente ar para os frágeis pulmões do bebê. Só um dos recém-nascidos, com o rosto machucado por causa do apressado parto a fórceps, tem força suficiente para chorar.
Os outros se mantém silenciosos, lutando pela sobrevivência em um hospital sem energia e água limpa, e onde os suprimentos médicos essenciais estão prestes a terminar.
O Centro Médico Regional do Leste de Visayas continua sendo o único recurso para a maioria dos sobreviventes do tufão Haiyan, que matou milhares de pessoas em Tacloban e em outras partes das Filipinas. O único outro hospital local que continuou em pé é particular.
“Nossos problemas imediatos são imensos”, disse o médico Alberto de Leon, diretor do hospital público. Ele próprio quase foi morto pela gigantesca ressaca marítima causada pelo tufão na cidade de 220 mil habitantes.
Na entrada do hospital, ao lado de uma placa solicitando que cadáveres sejam encaminhados diretamente para o necrotério, um cartaz improvisado cita as necessidades mais urgentes: um gerador, água potável, oxigênio, gás de cozinha, remédios e mão-de-obra.
Um único gerador, alimentado a gasolina, fornece toda a energia. Resta aos pacientes suarem nos corredores escuros à espera de atendimento para uma vasta gama de ferimentos causados pela inundação marítima, que arrastou destroços com grande força.
Também não há como evitar que os corpos de 18 vítimas se decomponham no necrotério.
“Estou preocupado de que os recém-nascidos contraiam infecções hospitalares”, disse De Leon. “Os cadáveres no fundo podem ser uma fonte (de contaminação).”
Muitos dos 80 bebês nascidos no hospital desde o tufão foram prematuros porque o trauma induziu as mães a entrarem em trabalho de parto.
Na capela, um emaranhado de tubos de alimentação intravenosa e oxigenação está instalado entre os bancos, o que mantém os recém-nascidos vivos por enquanto. Mas enfermeiras disseram que há escassez de medicamentos básicos.
Nanette Salutan, de 40 anos, entrou em trabalho de parto prematuro depois que o teto da sua casa foi arrancado pelo vento, numa cidadezinha próxima a Tacloban. Ela então suportou duas horas de deslocamento na garupa de uma moto, driblando árvores e postes caídos, e deu à luz sob uma lanterna na madrugada de sábado, já no hospital.
Mary Jane Tevez, de 16 anos, escapou com o marido do desabamento da sua casa na sexta-feira, mas a jovem grávida acabou sob os escombros de um imóvel vizinho. Sob uma viga, à espera do resgate, ela começou a sentir uma dor insuportável na pélvis.
O bebê nasceu na manhã de sábado. Seu nome? Yolando — versão masculina de Yolanda, como o tufão Haiyan foi chamado nas Filipinas.
“É porque não queremos esquecer o que tivemos de passar, e porque ganhamos outra vida”, disse o pai dele, Meller Balabog.
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