O estudante Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, está próximo de realizar a última etapa da 9ª Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), marcada para setembro. O aluno de Itanhaém, cidade no litoral sul de São Paulo, se destaca não só por estar entre os finalistas, mas principalmente pelo exemplo de superação. Arthur tem paralisia cerebral e a deficiência afeta a coordenação motora do menino, que possui capacidade intelectual igual a de outras crianças da mesma idade.

Aluno da educação inclusiva na classe 6ªD do ensino fundamental na Escola Municipal Noêmia Salles Padovan, Arthur está entre os melhores da classe, motivo de orgulho para a mãe. “Se eu falo que estou muito orgulhosa é pouco. Foi um salto para ele ter passado na 2ª fase. Ele já é um campeão para mim. Não só na matemática, mas campeão da vida, de tudo. Ele é meu campeão”, diz Valéria dos Santos Silva, 46.

A família reconhece a responsabilidade do estudante. “Meu filho é muito inteligente. Sabemos que não é fácil, mas ele está aí para provar que nada é impossível, basta acreditar. O exemplo dele serve de incentivo aos demais alunos. Agradeço às professoras que o inscreveram na Olimpíada. Elas não olharam a deficiência do meu Arthur e sim a capacidade dele”, se emociona Valéria.

Arthur tem dificuldade para falar e, por isso, utiliza o computador portátil como extensão da sua voz. Recurso utilizado apenas às vezes pela mãe, que diz entender o que o filho quer com a pronúncia de algumas sílabas. “Sou a mãe, entendo meu filho, apesar dele só falar algumas palavras. Quando ele quer me contar como foi o dia na escola, usamos o notebook”.

Embora seja bom com os números, o itanhaense já sabe o que vai querer para o futuro. Os mistérios e curiosidades que envolvem os planetas, as galáxias, o sistema solar e a lua ganham notoriedade na vida do garoto. “Quando o assunto é astronomia, os olhos do meu filho brilham. Ele até balbucia algumas palavras”, conta a mãe.

Sem ajuda especial

Para executar as tarefas do dia a dia escolar, ele conta com o auxílio de um notebook (para expressar o que quer dizer) e da estagiária Marina Alves Carvalho Ferreira, responsável por acompanhar o desempenho do estudante durante as aulas. Mas todo o esforço — reforça a mãe — fica por conta dele. “A estagiária é como uma 2ª mãe para ele, sou muito grata a ela. A Marina na sala de aula funciona como um porta voz para o pequeno Arthur”, diz Valéria.

“Ele é exemplo para os demais estudantes. É inteligente, engajado e adora estudar e não gosta de faltar à escola. Inclusive, quando tem consulta marcada e precisa sair mais cedo da unidade, ele fica nervoso”, conta a estagiária.

A mãe explica que, apesar da deficiência, o aluno não sofre preconceito no ambiente escolar: “Todos o adoram e os amiguinhos e professores estão sempre ajudando. Ele é um menino especial, não pela deficiência, mas pela pessoa carinhosa que ele é. Está sempre sorrindo e feliz”.

O aluno está sempre na companhia de Wesley Rodrigues, 11, o amigo inseparável. “Quando ele tem dificuldade eu o ajudo, mas grande parte do dia ele não precisa. Ele é muito inteligente”. No intervalo das aulas, o passatempo predileto de Arthur é jogar damas e dominó. “Ele é bom com os números”. Mas adverte: “Eu também ganho as partidas”, brinca Wesley.