Para o presidente da Câmara, a população não vai entender a aproximação com Dagoberto, depois de ele ter atacado as principais lideranças do PMDB

Diante de vídeos circulando em mídias sociais relembrando duros ataques do presidente regional do PDT, Dagoberto Nogueira, ao governador André Puccinelli (PMDB), o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Siufi (PMDB), classificou como incoerente a indicação do pedetista à vaga de vice do deputado federal Edson Giroto (PMDB) na corrida pela sucessão da Prefeitura de Campo Grande.

“Esse vídeo está passando em tudo que é lugar e isso é muito ruim para a gente”, comentou Siufi, neste sábado (28), em ato político do PMDB na Capital. “Para mim, fica muito ruim andar nos bairros e olhar para as pessoas e ter que explicar um a um o que aconteceu, porque é que falou aquilo no passado”, acrescentou. “Por isso vejo incoerência nisso”, concluiu sobre a indicação de Dagoberto a vice de Giroto.

Siufi, no entanto, fez questão de afastar divergência pessoal com o pedetista. “Não tenho nada contra a pessoa do Dagoberto. Até pode ser ele o vice, mas não é impondo sua indicação”, ponderou. As críticas citadas pelo presidente da Câmara Municipal referem-se às eleições de 2010, quando o PDT apoiou à candidatura do ex-governador Zeca do PT. No mesmo pleito, Dagoberto concorreu à vaga de senador.

Panos quentes

Indagado sobre o passado de críticas, Giroto evitou polêmica, da mesma forma que o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) e Puccinelli, alvo dos duros ataques do dirigente do PDT. “O Dagoberto é um amor de pessoa, um companheiro leal, que sempre defendeu seu partido. Em determinados momentos estivemos em lados opostos, hoje estamos no mesmo lado”, ponderou Giroto.

Ele, no entanto, não garantiu a vaga de vice ao PDT, como cobram lideranças do partido em troca do apoio à sua pré-candidatura. “Nós estamos juntos, o PDT, está junto com o PMDB, mas quem quer fazer um arco de alianças grande tem que esperar fechar esse grupo para que os partidos apresentem seus nomes e depois será avaliado com todos a escolha do vice”, ressaltou Giroto.

De olho no apoio do PDT, Nelsinho também evitou polêmica sobre o passado de críticas de Dagoberto a Puccinelli. “Não vou entrar nessa seara agora, acho que hoje estamos vivendo um momento de agregar de trazer para dentro”, defendeu. O prefeito, porém ressaltou a importância do PDT. “É um partido forte, o Dagoberto é um quadro, em pesquisas se desponta e isso tem que ser valorizado”, pontuou. “Mas não estamos buscando alianças com pessoas e com programas de partido”, emendou.

“Quem é que nunca falou mal do outro”

No mesmo tom de Giroto e Nelsinho, Puccinelli minimizou o passado de críticas com Dagoberto. “O Zeca já falou mal de mim uma vez, eu já falei mal dele uma vez, Dagoberto já falou mal de mim uma vez, eu já falei mal do Dagoberto uma vez, quem é que nunca falou mal do outro”, disse o governador.

Apesar de amenizar o reflexo das críticas, Puccinelli também não confirmou a escolha do vice de Giroto. “Quando nós fecharmos o circo, vamos discutir com todos os partidos e pesquisas qualitativas e quantitativas serão determinantes”, enfatizou.

Por outro lado, Dagoberto tem dito ter o “compromisso de Giroto, Nelsinho e de Puccinelli” de que o PDT indicará o vice de Giroto. “Específico não tem garantido isso”, rebateu o governador. “Mas ele (Dagoberto) tem grandíssimas chances de ser o candidato”, acrescentou.

Escolha do vice passará pela Câmara

Ainda no ato político do PMDB, Siufi voltou a defender a participação da Câmara Municipal no processo de escolha do vice, mas afastou interesse no cargo. “A Câmara pode indicar o vice, mas nós vamos avaliar junto com o André, o Nelsinho e o Giroto quem vai ser o melhor nome para essa coligação”, declarou.

O vereador ainda citou eventuais nomes para compor com Giroto. “Nós temos a Grazielle (Machado) e o vereador Jamal do PR, que são parceiros de toda hora. Dentro do PMDB nós temos o Dr. Loester, além de outras pessoas que agregam como o Airton Saraiva do DEM, que deve vir com o PMDB”, elencou Siufi.

Para Nelsinho, o pleito do Legislativo é legítimo. “A Câmara tem todo o direito de participar até porque a eleição é municipal e é legítima a aspiração deles”, declarou. Ele, porém, reforçou que, por enquanto, nada está definido. “A questão da vice está em aberto, em negociação, tá em conversa com os demais partidos, pode vir da Câmara, pode vir do Democrata, do PDT, pode vir de outros partidos, não podemos fechar essa porta agora para ninguém”, concluiu.