Senadores criticam tortura em filme sobre caçada a Bin Laden
Três senadores americanos criticaram um recém-lançado filme sobre a caçada a Osama Bin Laden, alegando que a obra dá a entender, erroneamente, que o uso da tortura ajudou os EUA a encontrar o extremista. “A Hora Mais Escura”, dirigido por Kathryn Bigelow (de “Guerra ao Terror”), é um dos favoritos à disputa do Oscar ao […]
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Três senadores americanos criticaram um recém-lançado filme sobre a caçada a Osama Bin Laden, alegando que a obra dá a entender, erroneamente, que o uso da tortura ajudou os EUA a encontrar o extremista.
“A Hora Mais Escura”, dirigido por Kathryn Bigelow (de “Guerra ao Terror”), é um dos favoritos à disputa do Oscar ao retratar o papel de uma agente feminina da CIA (agência americana de inteligência) que investiga o paradeiro do líder da Al-Qaeda.
O filme, que estreia em janeiro no Brasil, tem cenas duras de tortura, inclusive de “waterboarding” (ameaça de afogamento).
Por conta disso, os senadores John McCain (republicano e ex-candidato presidencial), Diane Feinstein e Carl Levin (democratas) escreveram uma carta ao presidente da Sony Pictures, Michael Lynton, criticando o conteúdo do filme e pedindo alterações e esclarecimentos.
A carta diz que o filme também ajuda a “perpetuar o mito de que a tortura é eficiente”.
“O filme retrata graficamente agentes da CIA repetidamente torturando detentos e credita a esses detentos provas cruciais (sobre o mensageiro de Bin Laden)”, diz a carta dos três parlamentares, que são membros do comitê de inteligência do Senado.
“Independentemente de que mensagem os cineastas pretendem passar, o filme claramente dá a entender que técnicas coercivas de interrogatório foram eficientes na obtenção de informações importantes. (…) Revisamos os arquivos da CIA e sabemos que isso é incorreto”, prossegue a carta, divulgada na quarta-feira.
“‘A Hora Mais Escura’ (Zero Dark Thirty, no original em inglês) é factualmente impreciso, e acreditamos que vocês têm a obrigação de esclarecer que o papel da tortura na caçada (a Bin Laden) não é baseada em fatos, mas sim parte da narrativa ficcional do filme.”
‘Narrativas’
Em entrevista prévia à BBC, Kathryn Bigelow havia dito que “tudo o que é mostrado (no filme) é representativo de narrativas (obtidas) diretamente das fontes”.
Em comunicado a respeito da carta dos senadores, a diretora declarou que o filme retrata “uma variedade de práticas e métodos de inteligência polêmicos”.
Já o roteirista Mark Boal afirmou que nenhum método por si só foi responsável pela caçada bem-sucedida a Bin Laden.
No entanto, McCain, Feinstein e Levin acreditam que “o problema fundamental é que as pessoas que assistirem ao filme acreditarão que os eventos retratados são fatos”.
“Sendo assim, o filme tem o potencial de moldar a opinião pública americana de maneira incômoda e enganosa”, dizem os senadores, para quem “o uso da tortura na luta contra o terrorismo trouxe danos severos aos valores americanos”.
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