Por falta de quórum, a representação brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) não votou a moção que pretendia condenar o processo de impeachment do ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo. Era necessária a presença de 14 deputados e senadores, mas apenas 11 estavam em plenário no momento da votação.

A sugestão de moção foi apresentada pelo deputado José Stédile (PSB-RS). O parlamentar acredita que houve um golpe de estado no Paraguai, por isso questiona a participação de representantes daquele país no Parlamento do Mercosul (Parlasul) e no próprio bloco econômico.

Um dos pontos do documento apresentado por Stédile previa a suspensão da participação de parlamentares paraguaios na próxima reunião do Parlasul, que será realizada na segunda-feira (2) em Montevidéu, no Uruguai.

Durante os debates, entretanto, parlamentares defenderam a retirada desse item, por considerar que os deputados e senadores paraguaios deveriam ter direito a voz na reunião para explicar o impeachment de Lugo.

“Devemos permitir que os paraguaios manifestem-se na reunião do Parlasul. Será o espaço para que tenham o direito ao contraditório – o que não foi feito em relação ao Lugo”, disse o deputado Newton Lima (PT-SP), que votaria a favor da moção.

Brasiguaios

Já o deputado Júlio Campos (DEM-MT) manifestou-se contra o texto. “Não houve golpe de estado. O processo foi conduzido legitimamente pelo Congresso e o impeachment ocorreu por incompetência política do Lugo. Não houve nenhuma manifestação popular apoiando Fernando Lugo e há um clima de tranquilidade na nação paraguaia”, afirmou.

Júlio Campos disse que os agricultores brasileiros donos de terras no país vizinho, os chamados brasiguaios, entraram em contato com diversos parlamentares brasileiros pedindo que interviessem junto ao governo brasileiro para que não haja retaliações ao Paraguai.

De acordo com o deputado, esses brasileiros relatam que sofreram perseguição nos últimos anos, durante o governo de Fernando Lugo. Eles teriam ficado impedidos de trabalhar, vivendo ameaçados pelos carperos, os sem-terra paraguaios.