Pelos corredores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), onde geralmente passam diariamente 7,8 mil alunos no Campus Campo Grande, o retorno após quase 100 dias de greve ainda é tímido. A exceção é válida para alguns cursos, como Pedagogia, Letras, Psicologia e Arquitetura, que parecem ter comparecido ‘em peso’ e dividem opiniões.

”Com certeza a greve foi boa e se mostrou como uma forte luta para melhorar o ensino público”, diz o aluno do 8° semestre de Arquitetura, Alan Matsuda. Da mesma maneira pensa a acadêmica Vera Diniz, 46 anos. “Sou a favor da greve porque qualquer reivindicação é justa para melhorar a condição de trabalho de professores e a qualidade no ensino dos estudantes”, avalia Diniz.

Já a estudante Alessandra Gonçalves Saher, estudante do 1° semestre de Letras, acredita que a greve foi prejudicial aos alunos. “Nós é quem acabamos mal, porque vamos ter de emendar praticamente tudo, semestre e provas. Vamos encerrar as aulas cheios de exames”, fala a estudante.

Integrante do Comandado Geral do Movimento Estudantil de Pedagogia, Sandy Locatelli, 20 anos, argumenta que a greve foi válida porque, para ela, é uma forma de pressionar as autoridades.

“Não tivemos muitas reivindicações atendidas, já que no estado do os alunos conseguiram creches e na universidade de Três Lagoas, por exemplo, eles terão o restaurante universitário. Mas aos poucos, vamos fortalecendo o movimento”, fala Locatelli.

Professores avaliam movimento grevista como satisfatório para a categoria

Já por parte dos docentes, o índice de avaliação do movimento grevista foi satisfatório. “Acho que nossos compromissos como docentes são renovados. E, agora que acabou a greve, sentimos que foi um movimento importante, não só para aqueles que estão atuando na carreira, como aqueles que ainda vão começar na carreira. O escalonado de 15% em três anos uma forma de sermos reconhecido”, diz a professora de Sociologia da Educação, Jacira Helena Dovale Pereira.

Já o docente de Metodologia da História, César Benevides, explicou que o semestre anterior irá encerrar no dia 10 de outubro e o próximo semestre terá início no dia 22 de outubro, finalizando no mês de março do próximo ano. “A situação realmente traz alguns transtornos, mas vai haver um processo para a regularização de aula”, conta o docente.

Ao todo, no período grevista, seis calendários foram apresentados e este em questão foi o escolhido. “Terão aulas nos finais de semana e também vamos aumentar a grade curricular em algumas turmas. Mas o mais importante na minha opinião foi a volta da união dos professores, que desenvolveram uma consciência mais coletiva”, conclui o docente.