Relator diz que depoimento de Pagot não é foco da CPI

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nesta sexta-feira que a convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot não é fundamental nesse momento da investigação. Na avaliação de Cunha, o depoimento de Pagot não iria contribuir para o esclarecimen…

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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nesta sexta-feira que a convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot não é fundamental nesse momento da investigação. Na avaliação de Cunha, o depoimento de Pagot não iria contribuir para o esclarecimento das relações do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal.

“Eu estou me baseando em fatos determinados. O meu objetivo é identificar quais foram as pessoas com prerrogativa de foro que o senhor Cachoeira teria cooptado. Não adianta pensar em uma investigação muito ampla, porque corremos o risco de não investigar nada. Ainda estou analisando essa convocação”, disse o relator, em entrevista à Agência Brasil.

Hoje, Pagot disse que está à disposição da CPI para prestar depoimento. Existem pelo menos nove requerimentos para a sua convocação que ainda não foram apreciados pelo plenário da comissão. Alguns deputados e senadores querem que esses requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para quinta-feira.

O relator ponderou que a decisão de convocá-lo tem que ser analisada pela CPI. “Essa é a minha opinião, mas a decisão de convocá-lo é uma decisão coletiva”, ponderou.

O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão, após ele ter denunciado o uso de verbas públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A denúncia foi feita em entrevista à revista IstoÉ, na qual ele se referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel para as campanhas dos tucanos José Serra à Presidência da República e Geraldo Alckmin , ao governo paulista, em 2010.

Pagot também disse, em entrevista à revista Época, que contrariou interesses de Cachoeira e da construtora Delta quando estava à frente do Dnit.

Na opinião do relator, Pagot seria útil à CPI somente para obter detalhes sobre os movimentos de Cachoeira. Já em relação ao uso de verbas públicas nas campanhas paulistas, Odair Cunha é enfático: “Isso não é objeto de análise da CPMI.” “Não estou dizendo que isso não deva ser investigado pelos órgãos competentes, pelo Ministério Público, pela Assembleia Legislativa, ou pelo próprio parlamento. Se quiserem, montem uma nova CPI”, defendeu o relator.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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