Prefeitura de Campo Grande perde controle da dengue e casos ‘explodem’ no final do ano
Se comparados ao número de casos de 2011, índices indicam alta infestação de Aedes Aegypti e o crescimento da dengue tipo 4. Prefeitura adota providências efetivas, mas parciais
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Se comparados ao número de casos de 2011, índices indicam alta infestação de Aedes Aegypti e o crescimento da dengue tipo 4. Prefeitura adota providências efetivas, mas parciais
Presente de grego. Prepare-se para recebê-lo em 2013, mas de forma ativa, evitando focos domiciliares de larvas de Aedes Aegypit em casa e no trabalho, porque a situação já está grave.
A incidência da dengue está explodindo em Campo Grande e em mais 19 cidades do MS.
Em Campo Grande, em um mês, os casos notificados saltaram de 5.249 para 6.361 – ou mais de 1.112 casos, com cerca de 300 notificações semanais.
Pela última atualização oficial da Secretaria Estadual da Saúde, conforme o Boletim Epidemiológico nº 39, em todo o MS foram quantificadas 14.572 notificações neste ano.
Uma simples comparação revela a gravidade da situação: no ano passado, Mato Grosso do Sul chegou a 3.743 casos de dengue até 19 de fevereiro, índice muito inferior aos atuais. Dos registros de 2011, 1.772 ocorreram em Campo Grande, que hoje já tem quase 7 mil casos.
Falta de providências adequadas
O que ocorre hoje no estado e na capital não é casual, nem “culpa de São Pedro”. As previsões sobre o cenário favorável à propagação da doença, feitas no começo do ano, já traçavam a possibilidade do quadro atual.
Primeiro, a meteorologia indicava que o mês de novembro poderia ser muito chuvoso, facilitando a propagação do Aedes. Com mais chuva, mais mosquitos depositam seus ovos em qualquer canto favorável à procriação das suas larvas.
O segundo fator favorável à propagação da doença é que sabia-se que o vírus tipo 4 estava presente na capital. Por ser novo, nínguém já vitimado por outros tipos de dengue teria resistência contra ele – um fato que elevou o número de doentes pontenciais.
E mais, sabia-se também que os ovos já depositados no ambiente, mas que não eclodiram com fim da temporada de chuvas do começo deste ano, durariam até a chegada da nova estação chuvosa – aquela que se iniciou em novembro.
Ou seja, nada do que está ocorrendo era novidade para os gestores da vigilância sanitária.
Mesmo assim, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande manteve a rotina de combate ao Aedes, que previa ações mais concretas só na segunda quinzena de janeiro de 2013.
Diante deste cenário, as tardias visitas domiciliares dos agentes de saúde e a lenta pulverização de inseticida em terrenos cheios de mato e lixo, quem não deveriam existir, acabaram por favorecer a propagação de larvas e mosquitos em proporção geométrica.
Assim, quanto mais mosquitos picando gente contaminada, mais casos surgem da doença, formando uma ciranda de disseminação da dengue.
E com um complicador real a mais: os doentes vão encontrar hospitais e prontos-socorros lotados por pacientes com outras enfermidades.
Vigilância Sanitária confirma situação atual
Ao explicar as ações da prefeitura, Alcides Ferreira, chefe de serviço de Controle de Vetores do CCZ, órgão da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, comprova as causas da propagação da doença.
Segundo ele, “as fortes chuvas de novembro, aliadas ao calor, favoreceram o rápido crescimento das larvas do mosquito transmissor da dengue, mas a gravidade da situação aumentou com a chegada do virus tipo 4 na cidade, contra o qual as pessoas não têm imunidade”.
Junto com o tipo 4 circulam também os vírus de tipo 1 e 2. Por conta disso, Alcides Ferreira informou que a capital tem cerca de 50 casos novos de dengue por dia.
Ressaltando as ações da prefeitura, o chefe do controle de Zoonoses garante que o “fumacê” já foi realizado alguns bairros, mas aqueles já com alta incidência de dengue.
Alcides informou que o ‘fumacê’ começou no dia 17 de dezembro, nos bairros Tiradentes, Alves Pereira, Lageado, Nova Lima, Mata do Segredo e Cel. Antonino.
Em meados de janeiro será a vez dos bairros Caiçara, Batistão e o Universitário, parcialmente pulverizado agora. Os demais só terão previsão de pulverização quando a coleta de dados de incidência indicar a necessidade do ‘fumacê’, segundo Alcides Ferreira.
Quanto à participação do Exército no combate à dengue, ele explicou que equipes treinadas pelo CCZ estão recolhendo pneus velhos em borracharias e nas ruas da capital. Nos dias 16 e 17 de janeiro de 2013, os militares passarão por um novo treinamento, para a posterior realização das inspeções domiciliares.
Leitor pode alertar as autoridades
Caso o leitor more em um dos bairros citados pelo chefe da Vigilância, é possível que contribua no combate da dengue. Basta informar com exatidão se viu ou ouviu falar, ou não, da realização do “fumacê” em sua região, postando sua opinião no espaço dos comentários desta reportagem .
Ou então, relatar a situação de infestação do Aedes em sua região. O mosquito é de fácil identificação, porque tem o corpo preto tomado por pintas e listras brancas.
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