O Paraguai quer usar mais a energia que as duas barragens compartilhadas com Argentina e Brasil produzem, mas não forçará uma renegociação dos acordos assinados, disse nesta quinta-feira o chanceler, suavizando a advertência dada pelo presidente dias atrás.

O mandatário, Federico Franco, declarou no início de agosto que não estava disposto a seguir cedendo energia barata a seus vizinhos, o que provocou alarme na região.

O Paraguai é sócio do Brasil na usina de Itaipu, que abastece parte do território brasileiro, e da Argentina na usina de Yacyretá, mas cede a maior parte da energia que corresponde a ele em troca de uma compensação econômica contemplada em acordos bilaterais.

“Nossas declarações foram em outro sentido”, disse à Reuters o chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia.

“Nós sustentamos somente que a posição do governo é criar todas as condições possíveis para a utilização da energia no Paraguai considerando que o preço que nos pagam não é o preço do mercado internacional. É somente isso”, acrescentou, quando consultado sobre uma possível reclamação sobre os preços.

O Brasil aceitou triplicar as compensações que o Paraguai recebe pela energia de Itaipu em 2009 em virtude de um acordo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo.

O montante, elevado para 360 milhões de dólares anuais, é vital para as finanças estatais na pequena economia local. Mas a relação entre ambos os países mudou depois da destituição de Lugo no processo político de junho.

A presidente Dilma Rousseff convocou para consultas o embaixador brasileiro, e tanto o Mercosul como a Unasul suspenderam o Paraguai por considerar que aconteceu no país uma ruptura da ordem democrática.

Estigarribia garantiu que o Paraguai não tem a intenção de retaliar nem deixar que as diferenças políticas afetem as relações no âmbito energético.

“Tanto em Itaipu como em Yacyretá temos uma relação normal e faremos o possível para que se desenvolva desta maneira”, disse o ministro.

“Nós não vamos colocar travas de nenhum tipo, queremos que nesses temas não se introduza a política. Não vamos colocar nenhum tipo de travas, nem faremos represálias por decisões que consideramos equivocadas, injustas e ilegais”, acrescentou.