O ex-atleta do salto triplo Nelson Prudêncio morreu na madrugada desta sexta-feira, na Casa da Saúde da cidade de São Carlos. Ela sofria com um câncer de pulmão.

Prudêncio estava desde a manhã da última terça-feira na UTI do hospital em coma em um quadro decorrente de complicações de um câncer de pulmão. Segundo familiares, os que cuidam do caso informaram que a situação do medalhista olímpico de 68 anos era irreversível.

“Ele descobriu o câncer há pouco tempo, não deu tempo de fazer nada”, afirmou Cristiana, filha de Nelson Prudêncio, em contato com a reportagem do UOL Esporte, ainda na terça-feira.

O velório já está sendo realizado, e o enterro será às 16h30, no cemitério municipal nossa Senhora do Carmo, na cidade de São Carlos.

Prata nos Jogos do México em 1968 e bronze em Munique em 1972, Prudêncio foi surpreendido pela notícia de que sofre de câncer de pulmão há poucas semanas. O ex-atleta passou por uma internação no começo de novembro e retornou ao hospital nos últimos dias. O avanço da doença foi acelerado e rapidamente conduziu o herói do salto triplo nacional ao quadro de coma.

Nos últimos anos, Prudêncio vinha trabalhando na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como professor Doutor em Educação Física. Paralelamente atua como vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo.

Durante uma entrevista em junho passado, Prudêncio discorreu sobre o estudo acadêmico de sua autoria que prega o auxílio da ciência para reconduzir o Brasil ao pódio olímpico do salto triplo, prova que, além de suas façanhas, teve no país Adhemar Ferreira da Silva e João do Pulo como ícones.

“Existe um hiato de 32 anos sem medalhas. Isso me motivou. A finalidade deste trabalho era essa, preencher esta lacuna. Tivemos uma série com o Adhemar, eu e o João Carlos, mas tudo produto do acaso. Nunca existiu uma sistematização”, afirmou Prudêncio na entrevista em junho, concedida em sua sala no campus da UFSCar.

O ex-atleta Nelson Prudêncio foi um dos protagonistas de uma das finais mais equilibradas da história olímpica. A disputa pelo ouro na Cidade do México em 1968 teve nove quebras do recorde mundial em apenas quatro horas, no embate entre o futuro professor brasileiro, o soviético Viktor Saneyev e o italiano Giuseppe Gentile.

Na oportunidade, a marca subiu de 17,03 para 17,37 metros, mas, no desfecho, o melhor salto acabou sendo o do soviético Saneyev. Pouco antes, no entanto, Prudêncio havia alcançado 17,27 metros, desfrutando por alguns minutos a inesperada conquista do recorde mundial.

“Eu não estava preparado para aquilo. Pensei: ‘quem sou eu para ser recordista mundial?’. Tinha ido lá para bater o recorde brasileiro, que era de 16,56 m. Desmoronei emocionalmente”, relatou Prudêncio.