Material radioativo roubado pode matar, diz comissão

O contato direto com o Selênio 75, material radioativo roubado na noite de sábado no Rio de Janeiro, pode provocar queimaduras, afetar tecidos internos e até mesmo levar à morte, disse nesta segunda-feira o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ivan Salati. Segundo Salati, no entanto, o material […]

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O contato direto com o Selênio 75, material radioativo roubado na noite de sábado no Rio de Janeiro, pode provocar queimaduras, afetar tecidos internos e até mesmo levar à morte, disse nesta segunda-feira o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ivan Salati. Segundo Salati, no entanto, o material tem poder de irradiação cem vezes menos intensa do que o Césio 137.

“É um volume menor, menos intenso, mas que pode prejudicar a saúde. Os sintomas podem demorar a aparecer”, afirmou, em entrevista coletiva.

Autoridades ainda buscam o veículo roubado no Trevo das Missões, na Baixada Fluminense. No porta malas do Logan prata, placa ENX-3304, de Paulínia (SP), havia uma caixa metálica. Dentro dela, um irradiador blindado com o Selênio 75, produto usado em inspeções de soldas. O carro é da empresa Arcteste Serviços de Inspeção e Manutenção Industrial.

O objetivo é evitar uma tragédia por contaminação de material radioativo, a exemplo que ocorreu em 1987, em Goiânia. Na época, uma cápsula radioativa de um equipamento hospitalar contendo Cesio 137 foi descartada de forma irregular e vendida como sucata.

Salati exibiu um equipamento semelhante ao que foi levado pelos assaltantes. Segundo ele, o Selênio 75 fica bem protegido. “Não é simples violar a blindagem. O material fica muito bem guardado”, observou. O comandante do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Rio, coronel Sérgio Simões, informou que as investigações da polícia apontam que os ladrões não tinham a intenção de levar o material radioativo. “Parece que foi um roubo aleatório. O que temos que esclarecer é que existe um risco para quem manipular esse material”, ressaltou.

De acordo com Salati, escala de 1 a 5 da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aponta que o Selênio 75 é classificado como 3, com nível de irradiação médio. Quanto mais baixa a classificação, mais contaminante é o material.

“A Arcteste tinha autorização para fazer o transporte do produto e fazia isso de forma adequada”, disse Salati. Questionado se o carro não deveria ter um GPS para ser rastreado, ele respondeu que não existe nenhuma norma que determine essa condição. “É um caso pontual.

Mas todo evento que ocorre pode nos levar a uma reflexão”, salientou, informando que o Selênio 75 vai perdendo intensidade a cada 120 dias. Quem achar o irradiador com o material deve procurar a polícia ou o Corpo de Bombeiros, podendo também entrar em contato com a Cnen.

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