A polícia usou gás lacrimogênio e canhão de água para reprimir e conter um protesto que levou milhares de pessoas para as ruas de Kuala Lumpur, na Malásia, para pedir mudanças no processo eleitoral no país.

Cerca de 25 mil pessoas (o site malaio Malaysiakini disse 50 mil) compareceram ao centro da capital malaia para se manifestar contra o que eles consideram uma fraude para manter a coalisão de governo do primeiro-ministro Najib Razak no poder – trata-se de uma das maiores manifestações de rua da última década.

Ativistas argumentam que a Comissão Eleitoral é tendenciosa e que as listas contendo os registros dos eleitores foram fraudadas. Manifestantes, muitos deles vestido camisas amarelas, se reuniram nas proximidades da praça Independência, no centro de Kuala Lumpur, local que a polícia havia isolado com barricadas e arame farpado, uma vez que o ato fora proibido pelas autoridades – dois mil policiais foram deslocados para a região.

A manifestação foi convocada pelo coletivo Bersih (“Limpo”, em malaio), que em julho do ano passado realizou outro protesto para pedir eleições livres e limpas. Daquela vez, a polícia também usou a força, e o saldo foi de um manifestante morto e cerca de 1.700 detidos.

O vice-presidente do Bersih, Ambiga Sreenevasan, declarou hoje que se tratava de uma manifestação pacífica que tentaria chegar até onde as autoridades permitissem e que ali os participantes se sentariam em sinal de protesto.

A passeata terminou com todos sentados diante do cordão policial, após o que Ambiga pediu aos concentrados que se dispersassem, mas alguns deles tentaram levantar as barreiras da polícia e chegar à área isolada e foram detidos.

Após o protesto do ano passado, o governo do premiê Najib Razak criou uma comissão parlamentar que propôs algumas reformas no sistema eleitoral, como a revisão do censo e garantias para uma igualdade de acesso aos meios de comunicação.

Bersih e os partidos da oposição consideram estas propostas insuficientes e pedem uma reforma da comissão eleitoral, à qual acusam de favorecer a coalizão governante. O governo da Malásia esteve em poder da Frente Nacional, liderada pela Organização Nacional para a Unidade Malaia (UMNO), desde a independência em 1957, e o primeiro-ministro sempre foi um membro da UMNO.

No entanto, nas eleições de 2008, a oposição conseguiu um resultado histórico ao ganhar um terço das cadeiras do Parlamento, assim como os governos de cinco Estados e o da capital. A coalizão opositora assegura que pode vencer a coalizão governante nas próximas eleições – previstas para o ano que vem, mas que podem ser remarcadas para este ano – se as reformas permitirem um pleito justo e livre. Com informações das agências internacionais