Irmão de Celso Daniel crê em condenações por caixa 2

Ao acompanhar a sexta condenação pela morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, seu irmão Bruno José Daniel Filho diz estar convicto que a investigação não terminará apenas com a condenação dos executores do crime. De acordo com ele, a suposta estruturação de caixa 2 para a campanha petista das eleições de 2002 deve […]

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Ao acompanhar a sexta condenação pela morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, seu irmão Bruno José Daniel Filho diz estar convicto que a investigação não terminará apenas com a condenação dos executores do crime. De acordo com ele, a suposta estruturação de caixa 2 para a campanha petista das eleições de 2002 deve ser analisada. “O que eu acredito é que impossível imaginar que o Sérgio Sombra tenha agido sozinho”, diz.

O empresário e amigo de Celso Daniel, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava no carro com o ex-prefeito quando este foi rendido e posteriormente levado para um cativeiro na favela Pantanal, em Diadema, na Grande São Paulo. Menos de 48 horas depois ele foi executado em uma estrada de terra em Juquitiba, também na Grande São Paulo. As contradições entre as declarações de Sombra e as perícias feitas pela polícia lançaram suspeitas sobre o amigo do então prefeito. Ele havia dito que houve problemas nas travas elétricas do carro em que os dois estavam – que era blindado -, que houve tiroteio com os bandidos e que o carro “morreu”. Mas a perícia desmentiu todas as alegações.

O Ministério Público (MP) denunciou sete pessoas como executoras do crime, sendo que Sombra foi apontado como o mandante do assassinato. Ele foi denunciado por homicídio triplamente qualificado – por ter contratado os assassinos, pela abordagem ter impedido a defesa da vítima e porque o crime garantiria a execução de outros.

De acordo com o MP, o empresário fazia parte de um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André que recebia propina de empresas de transporte para levantar fundos para as campanhas de 2002 do Partido dos Trabalhadores, mas Celso Daniel teria tomado providências para acabar com a fraude quando descobriu que havia pessoas embolsando. Sombra sempre negou a acusação.

“A investigação que a gente tem hoje não termina no Sombra pelo seguinte: existe um processo relacionado ao assassinato e outro a essa estruturação de caixa dois para a campanha”, diz.

A esperança de Bruno Daniel passa, inclusive, por informações que possam ser prestadas pelo publicitário Marcos Valério à Justiça. “É necessário que ele seja ouvido. Verificar se ele tem mesmo informações relevantes ou não. É necessário ouvir aquilo que ele tem a dizer. O que eu acredito é que impossível imaginar que o Sérgio Sombra tenha agido sozinho”, diz Bruno Daniel.

De acordo com ele, se Marcos Valério vier com algum elemento adicional, isso precisa ser investigado. “Você tem todo o processo de corrupção, de utilização de recursos públicos para alicerçar caixas de campanha em Santo André. E o Sérgio não estava sozinho nisso. Porque, como o Gilberto Carvalho contou a mim, ele mesmo levou R$ 1,2 milhão arrecadados lá de Santo André”, disse.

Bruno Daniel lembra que o episódio foi narrado pelo próprio Gilberto Carvalho, uma semana após o assassinato de seu irmão. “Ele nos relatou isso uma semana depois do assassinato do meu irmão. Eu falei isso na CPI dos Bingos, meu irmão deu depoimento no Ministério Público. Aí isso foi obstaculizado lá em cima. Agora, imaginemos que haja algo de relevante nos depoimentos de Marcos Valério. Você tem a possibilidade de ter um alargamento horizontal e vertical da apuração”, afirma.

Segundo ele, pouca gente imaginou que a esta altura houvesse seis condenados pela morte de seu irmão. “Poucos, muito poucos acreditaram que a gente chegasse a esta quinta (na verdade sexta) condenação. Eu tenho uma enorme convicção que nós vamos chegar a sexta (sétima) condenação, com o Sérgio Sombra. E tenho uma enorme convicção que haverá pessoas que serão condenadas por crimes relativos à estruturação de caixa dois de campanha. Pode demorar, pode demorar. Nós estaremos o tempo todo vigilantes, inclusive com tentativas de redução do poder de investigação do Ministério Público”, diz.

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