Fernandão deixou o Internacional com os olhos cheios d’água e o coração machucado. Demitido na manhã desta terça-feira, o ex-atacante deu uma entrevista coletiva recheada de indiretas as lideranças do elenco vermelho e se definiu como frustrado após 120 dias na função de treinador do Colorado.

“Acho uma baita oportunidade para tudo, mas me reservo ao direito de ficar calado. Os motivos, se são verdadeiros, se poderia ter um boicote, quem tem que dizer é o Inter. Eu deveria ter tomado algumas atitudes, fui amigo de quem não merecia ser amigo. Eu aprendi com isso, separar profissionalismo de amizade. Não me arrependo de ter falado [da ‘zona de conforto’, após o empate com o Sport]. Me arrependo do depois, agi como amigo quando não deveria”, disse Fernandão.

Bombardeado por perguntas sobre o tal episódio que motivou a decepção, Fernandão tangenciou. Depois disse não, mas seguiu empilhando indiretas. Até o momento em que desabou no choro.

Ficou por mais de cinco minutos lutando contra as lágrimas. Tentando retomar a entrevista. O pranto chegou ao agradecer Ygor, volante contratado por ele mesmo junto ao Figueirense. E que virou um homem de confiança no vestiário.

“Ele me deu uma demonstração muito grande no jogo contra o Atlético-MG, eu estava sem zagueiro. Ele se colocou à disposição na mesma hora, falou para mim que poderia jogar de zagueiro. Já tinha pedido para um jogador fazer e ele tinha dito não. Estava sem zagueiro nenhum e nem tinha cogitado ele para a zaga, mas ele estava perto da conversa e ouviu”, comentou Fernandão.

Na oportunidade, o argentino Bolatti se negou a ser improvisado na defesa. Mais adiante, ao ser questionado sobre a discussão pública com Bolívar, Fernandão garantiu que sua saída não teve ligação com o atrito recente. Mas aumentou o mistério em relação ao jogador que lhe causou decepção.

“A minha demissão não tem ligação com o episódio do Bolívar. Até por eu não ter tido problema com ele”, disparou Fernandão.

Fernandão comandou o Internacional em 26 jogos. Conseguiu nove vitórias, oito empates e nove derrotas. Um aproveitamento de 44,8%, o pior entre todos os técnicos contratados na gestão do presidente Giovanni Luigi. A versão oficial da diretoria é de que ele foi sacado pelos resultados fracos. Os problemas de relacionamento com o elenco não foram admitidos pelos cartolas.