O dólar fechou em alta nesta quarta-feira, aproximando-se cada vez mais do teto informal de R$ 2,10, com o mercado testando o Banco Central e em meio a especulações de que o governo poderia favorecer o real mais desvalorizado para impulsionar a atividade econômica do país.

A moeda norte-americana subiu 0,68%, a R$ 2,0952 na venda, mantendo-se no maior nível de fechamento desde o dia 15 de maio de 2009, quando ficou em R$ 2,109. Na parte da manhã, o dólar chegou à máxima de R$ 2,0995.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado foi de US$ 2,592 bilhões, melhor do que nos últimos dias, quando ficou abaixo de US$ 2 bilhões.

“Ainda estamos esperando uma atuação do BC. Por enquanto ele deve estar analisando se essa alta é um movimento pontual”, disse o economista da Link Investimentos Thiago Carlos.

Desde meados deste ano, consolidou-se a banda informal de R$ 2 a R$ 2,10 para dólar após diversas intervenções da autoridade monetária. A moeda norte-americana atingiu R$ 2,10 no intradia pela última vez no dia 28 de junho, quando o BC anunciou um leilão de swap cambial tradicional –equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro.

Essa atuação, somada a outras feitas anteriormente, puxaram o dólar para abaixo de R$ 2 logo no início de julho. Logo em seguida, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse que o dólar abaixo de R$ 2 não era bom para a indústria e desde então a moeda não saiu mais dessa banda informal.

Agora, os investidores avaliam que o governo pode estar abrindo o caminho para que o dólar avance sobre R$ 2,10, a fim de estimular a economia, já que o espaço para atuações em outras frentes –como a fiscal– está cada vez menor. Há avaliações de que o dólar poderia subir a R$ 2,12 ou R$ 2,15 no curto prazo, a fim de não atrapalhar o controle da inflação em 2013.

Na tarde desta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu que o objetivo do governo é atuar “o mínimo possível” no mercado cambial, sugerindo que o governo poderia deixar o dólar subir mais. Para ele, a valorização do dólar está relacionada ao aumento da apreensão no mercado internacional.

Há menos de um mês, no entanto, Mantega chegou a admitir que o câmbio brasileiro tinha uma “flutuação suja” e que a nova gestão cambial foi uma reação que duraria o tempo que fosse necessário para defender o país do conflito cambial que se tornou agudo após a crise de 2008.

“As declarações do Mantega vão mais no sentido de que o governo pode tolerar esse patamar um pouco mais alto… A tendência é o mercado continuar testando patamares mais altos”, acrescentou Carlos.

A presidente Dilma Rousseff também sugeriu, em entrevista publicada na segunda-feira no jornal “Valor Econômico”, que o governo estaria buscando um real mais desvalorizado devido à obrigação de proteger a taxa de câmbio da entrada de capital especulativo.

Além dos feriados recentes no Brasil, na quinta-feira é feriado nos Estados Unidos, o que pode afetar o volume do mercado de câmbio brasileiro e nos mercados em geral, potencializando movimentos, segundo operadores.