Contra a homofobia, 16º parada LGBT lota a Avenida Paulista

Com o tema “Homofobia tem cura: educação e criminalização!”, a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo espera reunir nesta tarde cerca de 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista, na capital. Serão mais de 1.500 policiais para garantir a segurança do evento e foram instalados quatro hospitais de campanha, com 160 […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Com o tema “Homofobia tem cura: educação e criminalização!”, a 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo espera reunir nesta tarde cerca de 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista, na capital. Serão mais de 1.500 policiais para garantir a segurança do evento e foram instalados quatro hospitais de campanha, com 160 leitos.

De acordo com Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a festa já é uma marca da cidade, mas a luta pelos direitos dos LGBTs deve ser a pauta deste dia.”Vale a pena lembrar que estamos em eleições municipais. Não deixem que os candidatos entrem na terrível pauta do retrocesso”, disse.

De acordo com ele, os direitos humanos não devem ser utilizados como moeda de troca. “Esses são direitos que já são nossos e irrevogáveis”, disse.

A delegada Margarete Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), afirmou que o desafio deste domingo é fazer com que a parada seja segura e não haja qualquer tipo de ataque contra os participantes.

“A parada tem uma questão de segurança, que é um desafio para a polícia do Estado de São Paulo. Temos uma luta de humanização do trabalho da polícia e estaremos atentos para a defesa de todos”, disse.

Para a senadora Marta Suplicy (PT-SP), nos últimos 16 anos – desde a realização da primeira parada – pouco mudou em relação à comunidade LGBT. “16 anos depois estamos na mesma situação, falando ainda no combate à homofobia. Houve um retrocesso no Congresso Nacional. Há cada ato que fazemos lá em favor da comunidade, cai o mundo”, disse.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) afirmou que a cada ano essa parada se aperfeiçoa, se integra. “É uma festa que a cada ano tem mais participação, mais retaguarda política. Com mais apoio dos órgãos governamentais. Que possamos mais uma vez dar oportunidade para todos se manifestarem”. Estima-se que o evento atraia cerca de 600 mil turistas para a cidade, com a arrecadação de R$ 200 milhões em receita.

No evento de abertura do evento, em um teatro da capital paulista, foi lido o seguinte manifesto:

O Brasil está doente. Todas e todos nós, que nascemos e vivemos neste solo, estamos vulneráveis. A homofobia é um vício social que atinge e corrompe a cidadania. Ninguém está imune. A nossa luta não é nova. Os números da discriminação estão estampados em jornais por todo o território nacional e já não há dúvida sobre a histórica condição de opressão a que lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais estão submetidos.

266 LGBT assassinados em 2011, uma morte a cada 33 horas, um novo recorde para o país. Esses dados subnotificados não são a novidade.

A mensagem que trazemos hoje é que, apesar do ódio se respaldar na diferença, a homofobia é um mal que atinge a todos, sem distinção.

No último dia 15 de julho, pai e filho que se abraçavam durante um evento na cidade de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, foram barbaramente agredidos. O pai, de 48 anos, teve metade de sua orelha decepada. Antes do ato de violência, os agressores perguntaram: “Vocês são gays?”, sem que a resposta fizesse diferença.

Será esse o respeito pela família do qual os fundamentalistas tanto falam?

Em 02 de novembro, um ilustrador francês, que estava a negócios em São Paulo, teve um osso da face fraturado ao ser espancando com um soco-inglês, enquanto simplesmente andava pela Rua Augusta. O turista, heterossexual, naquele momento sofria o azar de ter sido confundido com um homossexual.

Esta é a igualdade na qual estamos amparados pelo artigo 5º da nossa Constituição Federal e que ainda nos garante a inviolabilidade do direito à liberdade e segurança?

Os exemplos nos alertam para uma realidade alarmante. Em pouco tempo, vivenciaremos a instauração de uma ordem em que toda a afetividade será castigada. Cada um será responsável por monitorar o seu próximo e, na dúvida, execute a repressão com suas próprias mãos.

Meus amigos, eu vos pergunto: essa é sociedade que queremos?

O movimento LGBT brasileiro é unânime ao pedir prioridade na aprovação do Projeto de Lei da Câmara 122 em sua totalidade, para que a homofobia seja combatida no momento de sua ação, tipificando o crime e identificando os que a praticam. Não aceitamos negociar a atenuação da pena, pois estamos cansados de contar aqueles que perdemos a cada ano. Assim, queremos o PLC 122 abrangente aprovado!

Disseram e continuam a reiterar que o material seria entregue para crianças do ensino fundamental a fim de induzir a homossexualidade, o que é um grande absurdo. Alguém aqui teve ou conhece alguém que tenha a formação de sua orientação sexual induzida?

Fazemos questão de esclarecer que o os kits servem exclusivamente para a capacitação de professores do ensino médio, com o objetivo de prepará-los para lidar com a diversidade e promover o respeito entre os alunos.

Conteúdos relacionados