Após cancelar sua participação na abertura da Arena Socioambiental da Rio+20 por recomendação médica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, neste sábado. “Ninguém representa mais do que o Lula essa provocação de que não temos como discutir meio ambiente sem unir os homens”, disse ao arrancar aplausos do público depois de afirmar que o ex-presidente está curado do câncer.

“Ele só não está aqui porque fala muito, e os médicos proibiram”. A ministra ainda leu uma carta do ex-presidente em que ele cita o desafio de reconhecer que o acesso aos recursos naturais é um direito de cada um. “Justiça é palavra chave dessa equação. Por justiça, todas as bocas do mundo devem ter alimento suficiente, todos devem usufruir dos recursos naturais, sem comprometer seus filhos e netos”, disse, nas frases de Lula, ao inaugurar o fórum de debates.

A Arena Socioambiental é um espaço criado pelo governo federal junto ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro para discutir com a sociedade civil os temas da Rio+20. Em seu discurso, Campello afirmou que é preciso aliar a proteção do ambiente com o combate à pobreza.

“Essa exposição que inauguramos hoje é a maior prova de que é possível construir um novo modelo de desenvolvimento que permita ao País crescer, incluir e sustentar o meio ambiente. Aqui nós temos vários produtos da agricultura familiar, de pessoas que eram muito pobres e que já estão organizadas. Isso mostra que a participação da sociedade e a presença e participação do Estado promovem uma modificação nos padrões de consumo e produção”, disse ao citar uma feira com produtos sustentáveis expostos na Arena. A entrada no local estará aberta ao público até o dia 22.

Piso de proteção socioambiental

Ao conversar com jornalistas, Tereza Campello também demonstrou otimismo sobre a inclusão da criação de um Piso de Proteção Socioambiental Global no documento final da Rio+20. “Nossa expectativa é grande, nas duas últimas versões do documento já tinha sido incluída a criação desse fundo, que é uma ideia que começou aqui no Brasil com a Bolsa Verde”, afirmou ao citar o programa do governo federal que destina renda para populações em extrema pobreza, estimulando a proteção ambiental.

“O Brasil defende que a união da superação da pobreza com a preservação do ambiente seja um dos elementos fortes do documento final”, afirmou a ministra. A iniciativa defendida pelo Brasil prevê um compromisso internacional de garantia de renda mínima à população mais pobre, atrelada a ações de recuperação e preservação ambiental, além de incentivos ao uso de tecnologias limpas e sustentáveis.

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.