Principalmente na infância, na fase quando a criança começa a descobrir um mundo além do lúdico, é comum os pais taxarem certas brincadeiras através dos gêneros. “Isso é coisa de menino e aquilo é de menina”. A questão, segundo a psicóloga Lucy Kosurian Sayegh, é encontrar um equilíbrio na orientação dos pequenos e dividir o tempo entre os mais variados tipos de brinquedos possíveis.
É correto trabalhar com as crianças o conceito “isso é de menino e aquilo é de menina”?
O primeiro estímulo da criança é o brinquedo. É através do brincar que a criança vivencia questões de afetos, motora, cognitiva, social, tudo vem da infância. Existe a questão: as bonecas são para as meninas e os carrinhos para os meninos. Mas e a bola, é de quem? Dos dois. Mas antes de discernir o que é de menino e o que é de menina, é importante dizer que o ideal é que toda brincadeira, principalmente quando a criança começa a crescer, seja supervisionada. Por exemplo, um menino que só quer brincar de casinha. Por que ele só quer brincar de casinha? Então, vale estimulá-lo a outros tipos de brincadeira e levar criança a descobrir outras coisas.
Pode ser considerado um comportamento errado a criança que só quer brincar com algo que, teoricamente, seja do sexo oposto?
A criança tem que brincar de tudo, pois ela está descobrindo o mundo. Mas o menino brincar só de casinha, por exemplo, está errado. Por isso que é preciso estimulá-lo a brincar com outras coisas, pode até ser de brinquedos que sejam de menino e menina também.
Qual a faixa etária que requer mais atenção?
Filho não tem uma faixa etária que precisa de maior atenção, os pais têm que estar sempre atentos. Desde o começo é preciso prestar atenção em como teu filho brinca, com quem brinca… Menino só pode brincar com menino? Menina só pode brincar com menina? Não. Podem brincar juntos e descobrirem juntos.
Não há problema em a menina aprender a jogar futebol e a brincar de carrinho, e o menino também brincar de casinha. Isso, de uma forma esporádica, não gera problemas. Mas não pode ser só isso. Como também não é normal a menina brincar só de casinha, sem ter contato com uma bola, daí ela não vai ter a oportunidade de explorar toda a infância, todo o desenvolvimento que tem por vir.
Qual é o limite entre proibir, cuidar e reprimir?
O caminho não é proibir, é diminuir o espaço de uma brincadeira que não seja adequada. Por exemplo, se o menino quer brincar de boneca a tarde toda, ao invés de proibir, deixa-o brincar somente meia hora, e divide o resto do período com outras brincadeiras. Às vezes, a criança foca em um único brinquedo porque não lhe é dado outros.
Hoje em dia é comum os pais colocarem as crianças para assistirem a filmes, porque é tranqüilo, ele fica lá sentado, quieto, vendo televisão, e o pai e a mãe pode ficar livre. Daí a criança assiste ao filme que quer? Não pode, tudo tem que ser orientado, a criança vai necessitar daquele desenvolvimento amanhã.
Em relação às figuras dos pais, o que os casamentos homossexuais influenciam na formação da criança?
Pai e mãe são exemplos e influenciam na formação dos filhos, sim. Mas por outro lado, existem muitos pais que são heteros e que têm filhos homossexuais. Então não é uma regra. O que pesa mais é o tipo de orientação que é passada à criança e a forma como ela é passada. É preciso encontrar um equilíbrio.
Há crianças que apresentam perfil de homossexualidade. Qual é a melhor maneira de os pais trabalharem isso?
Nesses casos, precisa ter acompanhamento profissional para direcioná-las. Mas o importante é que se tornem um adulto feliz, independente da opção sexual que escolher.