O boxeador Orlando Cruz sobe no ringue nesta sexta-feira em sua primeira luta após assumir sua homossexualidade. Primeiro pugilista a se declarar gay, o porto-riquenho afirmou se sentir ‘mais livre’ com a divulgação de sua preferência sexual e ignora possíveis provocações de rivais.

“Decidi ser livre. Eles podem me chamar de maricas que eu não ligo. Deixe que falem, pois não podem me machucar agora. Estou tranquilo. Me sinto feliz, mas tive que ser forte para fazer este anúncio ao mundo todo”, afirmou Cruz, em entrevista ao The Guardian. “Tenho orgulho de ser porto-riquenho, assim como tenho orgulho de ser gay”.

Cruz revelou ter passado por um longo tempo de tratamento psicológico para ganhar o suporte necessário visando encarar o preconceito dos adversários. O boxeador também afirmou ter recebido grande apoio de sua família para assumir sua preferência.

“Após um tempo, os psicólogos disseram ‘você está pronto?’ Respondi ‘não, ainda não’. Fiquei preocupado por um tempo, pois é um grande passo ser o primeiro na história, Seis meses atrás estava preocupado sobre como as pessoas iriam reagir. Tive que esperar até estar fisicamente e emocionalmente preparado”, comentou o pugilista.

Apelidado de “O Fenômeno”, Cruz, como profissional, possui cartel de 18 vitórias, duas derrotas e um empate. Atualmente na categoria peso pena, de até 57 kg (em Sydney, disputou as Olimpíadas na categoria até 54 kg), Cruz é campeão latino da OMB (Organização Mundial de Boxe). Com 31 anos, terá pela frente o mexicano Jorge Pazos na próxima sexta-feira. Em caso de vitória, o boxeador já vislumbra uma chance de enfrentar Orlando Salido pelo título mundial.

“Estou ido bem como boxeador. Tive apenas duas derrotas em 21 lutas. Vencei outras lutas mas, durante este tempo, tenho vivido com este espinho dentro de mim. Quero tirar isso de mim para que possa ter paz comigo mesmo”, afirmou Cruz.

O pugilista também pretende se engajar na luta contra a homofobia e revelou ter perdido um amigo assassinado por ser gay. “Pessoas morrem por causa disso. Perdi um amigo que foi assassinado por pessoas que odiavam homens gays. Fiquei com muita raiva, pois a homofobia encerrou sua vida da maneira mais violenta. Mas, ao mesmo tempo tempo, fiquei com raiva por estar escondendo este meu segredo”, disse o boxeador.