Economista da Tendências Consultoria afirma que o saldo comercial permanecer sólido mesmo com a piora da crise cria a percepção de que neste ano o País terá resultado bom

O resultado surpreendente da balança comercial tanto em dezembro quanto no acumulado de 2011 leva a crer que em 2012 o saldo deve voltar a ser expressivo, na opinião do economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada. Preliminarmente, ele prevê que o saldo comercial deverá encerrar este ano em US$ 25 bilhões.

Hoje o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 29,790 bilhões em 2011 (47,8% maior que em 2010) e ficou positiva em US$ 3,817 bilhões em dezembro.

“É um resultado importante. Mostra que, mesmo com a piora da crise internacional nos últimos meses, o saldo comercial continuou sólido. Cria a percepção de que neste ano o País terá um novo resultado bom, considerando que não haverá nenhuma ruptura externa. Se isso acontecer, é claro que as coisas mudam”, avaliou, em entrevista à Agência Estado. Por enquanto, apesar das incertezas sobre a economia global, o economista ainda não trabalha com essa hipótese.

“Apesar da expectativa de instabilidade, os preços devem continuar favoráveis às exportações brasileiras, embora não tão exuberantes quanto foram em 2011”, acrescentou.

O resultado da última semana de dezembro – de um saldo positivo de US$ 2,947 bilhões – também pegou Campos Neto de surpresa e foi pautada pelas exportações de dois produtos: petróleo e minério de ferro. “No caso da primeira commodity, não se deve tomar como base, por ser um item muito volátil. Em relação ao minério de ferro, houve expansão de 11,4% na média diária das exportações ante dezembro de 2010, mesmo em um ambiente onde os preços começam a dar sinais de fraqueza. Ainda assim, o Brasil conseguiu sustentar um ganho de receita em dezembro. É um aspecto que é válido e positivo diante do que está acontecendo no exterior, especialmente nas notícias no mercado spot (à vista) na China, que sugerem queda de preços do minério de ferro”, explicou.

O economista da Tendências ressaltou ainda que os termos de troca do Brasil se estabilizaram em nível alto, o que justifica o bom desempenho do saldo comercial em 2011. “Os preços dos itens que o País importa não têm subido (tanto) e a demanda interna arrefeceu um pouco, o que ajudou a conter sutilmente as importações. Já as exportações seguem sustentadas pelo bom desempenho dos preços e também da China, grande parceiro e comprador de produtos brasileiros. O foco continua totalmente na China”, concluiu.