Acusado de compra de votos na eleição de 2004, quando era candidato a vice em uma chapa liderada pelo PSDB, o peemedebista Ricardo Moura, que disputava em 2012 a prefeitura de Valença, no litoral sul da Bahia, abriu mão de sua candidatura a três dias do primeiro turno e lançou o irmão gêmeo idêntico, o dentista Luciano Moura, para a vaga.

Ricardo havia sido condenado pela Justiça Eleitoral baiana a oito anos de inelegibilidade em 2006, mas recorreu e teve a candidatura deferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) este ano. Os candidatos de oposição, porém, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e entraram com ação por violação da Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.

Com a possibilidade de ser cassado depois de eleito – Ricardo é o líder nas pesquisas de intenções de votos na cidade -, o candidato desistiu da disputa para lançar o irmão. O slogan da nova campanha, “Dois irmãos, um só coração”, já está em santinhos e panfletos. Na urna eletrônica, é a foto de Ricardo que vai aparecer para quem votar em Luciano. Dificilmente, porém, o eleitor notará diferença.

Segundo um filiado do PMDB de Valença, o receio de ter a candidatura barrada pelo TSE veio depois que a corte teve decisão desfavorável a candidato em situação semelhante. Sobre a substituição de um irmão pelo outro, o correligionários dos gêmeos comentou que Luciano sempre foi envolvido em política e está ativamente presente na campanha de Ricardo. “Ele (Luciano) nunca foi candidato porque o político da família é o Ricardo, mas sempre acompanhou o irmão, participou dos comícios”, descreve.