Entidades públicas e da sociedade civil serão beneficiadas com a destinação de R$ 5 milhões em bens e em doação mensal de carne até 2020. A doação é resultado de termo de ajuste de conduta (TAC) firmado pelo frigorífico JBS com o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS).

Os valores são resultado de multas previstas pelo descumprimento, nos últimos dois anos, de obrigações trabalhistas relacionadas à jornada e à concessão de intervalos, nas duas unidades da empresa na Capital, uma localizada na Vila Nova Campo Grande e a outra, que pertencia ao Grupo Bertin, na zona rural, na Rodovia BR-060. As negociações que levaram ao TAC começaram em abril deste ano e terminaram no dia 28 de agosto, com a assinatura do compromisso.

O frigorífico entregará oito caminhonetes, viatura para atendimentos de emergência e outros bens, avaliados em R$ 2 milhões, a órgãos públicos, e R$ 3 milhões em carne bovina, pelo período de oito anos, para 15 entidades sul-mato-grossenses. O procurador do trabalho Odracir Juares Hecht esclarece que a entrega dos automóveis e equipamentos às instituições públicas será feita em quatro parcelas semestrais de R$ 500 mil. Nenhuma doação será feita em dinheiro, somente em bens e produtos. No total, 22 instituições serão atendidas. Em relação às doações de carne, o TAC contempla as entidades de outubro de 2012 a dezembro de 2020.

Entidades beneficiadas – A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-MS) será beneficiada com quatro caminhonetes e equipamentos de informática a serem utilizados no combate ao trabalho escravo. O Exército Brasileiro receberá uma caminhonete, computadores e móveis. Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar de Mato Grosso do Sul receberão móveis, suprimentos de informática e equipamentos específicos para o trabalho de cada uma dessas instituições. Para a Polícia Militar Ambiental serão doadas três caminhonetes, equipamentos de informática, câmera e GPS.

Ao Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul será entregue uma viatura Hazmat completa para atendimento a emergências de caráter tecnológico em ambiente industrial e no meio ambiente natural, no valor de R$ 300 mil. De acordo com o major Luidson Borges Tenório Noleto, comandante da Seção Contra Incêndio, são equipamentos de alta tecnologia destinados a atender emergências com vazamento de gazes, como casos de acidentes de trabalho com número de vítimas significativo. A essa unidade, será acoplado o compressor rebocável com equipamentos para monitoramento eletrônico, que, anteriormente, foi destinado à Corporação pelo MPT, também em decorrência de TAC. Segundo o capitão, esses equipamentos são exclusivos. O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul é o único a dispor dessa tecnologia, importante para ação nesse tipo de emergência.

As entidades beneficiadas com a doação mensal de carne bovina são o Asilo da Velhice Desamparada e Carente São João Bosco, Casa da Criança Peniel, Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande (AMA), Cotolengo Sul-Matogrossense, Associação Beneficente dos Renais Crônicos de MS (Abrec), Sociedade Educacional Juliano Fernandes Varela, Centro de Apoio e Orientação à Criança Lar Vovó Miloca, Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC), Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados de MS (Recromasul), Fundação Carmem Prudente de Mato Groso do Sul, mantenedora do Hospital do Câncer Professor Dr. Alfredo Abrão e da Rede Feminina de Combate ao Câncer de MS, Associação de Auxílio e Recuperação dos Hansenianos, mantenedora do Hospital São Julião, que agrega o Centro de Apoio ao Migrante (Cedami) e o abrigo Casa da Vovó Túlia, Lar das Crianças com HIV/AIDS, mantido pela Associação Franciscanas Angelinas (Afrangel), Creche Santa Fé, Lar Nossa Senhora Aparecida e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campo Grande (Apae).

Qualidade de vida – Segundo a presidente da Abrec, que atende mais de 700 famílias de Campo Grande e do interior do Estado, Luzia Auda da Silva Carvalho, a destinação da carne tem importância muito grande porque os renais crônicos que recebem o auxílio-saúde não têm salário, nem aposentadoria. Além de estarem doentes, eles não podem trabalhar. A entidade distribui mais de 300 cestas básicas por mês e medicamentos. “Com a carne, os beneficiários podem variar mais sua alimentação. Para nós, é gratificante ver a felicidade e a melhora da qualidade de vida dos usuários”, enfatiza. Além de oferecer assistência às famílias, a entidade desenvolve atividades multidisciplinares e cursos de capacitação para promoção de geração de renda aos usuários.