Ex-vereadora de Campo Grande, sendo uma das mulheres mais votada da história da capital sul-mato-grossense, Tereza Name recebeu o Midiamax em sua residência para um bate papo, onde falou de solidariedade e política.

Tereza Name, que veio de família humilde, realiza ao longo do ano trabalhos sociais que contribuem com a dignidade do cidadão mais carente.

Mulher e guerreira, Tereza sonha com o dia em que as famílias não irão mais precisar de ajuda como a que ela realiza e afirma que o Brasil é um país rico e irá se superar.

Mãe e avó, Tereza tenta minimizar a dificuldade que as famílias passam e realiza a doação de cestas básicas e roupas. Além disso, a ex-vereadora atende mensalmente trinta famílias que possuem pacientes com hanseníase.

Tereza conta um pouco de seu trabalho e da volta ao cenário político de Campo Grande.

Midiamax – Você tem um trabalho social que é realizado ao longo do ano. Como é esse trabalho?

Tereza Name – O trabalho é solidariedade e não assistencialismo, pois contribuímos um pouco para que as famílias fiquem contentes. E, quando damos o presente para a criança, na época do Natal, os pais também se alegram porque os filhos estão recebendo. Faz bem não só para as crianças, mas para os pais. Melhora a autoestima da família: meu filho ganhou um brinquedo.

Tem cenas que eu já presenciei que me deixa arrepiada ao lembrar. Marcam muito o coração da gente. São muitas, que eu não gosto nem de falar. Mas, conheço bem o outro lado da vida e por isso o meu trabalho e eu me sinto muito mal, quando não consigo fazer alguma coisa. Deus é tão poderoso, tão generoso, que as coisas aparecem, brotam.

Eu faço ao longo do ano, eu tenho as minhas reservas de roupas para o inverno, cobertores, cestas básicas. Eu tenho como meta 50 cestas básicas por mês, aí eu atendo as famílias que necessitam. E, tenho 30 famílias que eu atendo que são portadores de hanseníases. Essas eu atendo mensalmente.

Midiamax – Para o trabalho social você recebe doações?

Tereza Name – Eu recebo doações, até porque tem muita gente que quer doar e não sabe para onde. Aí, eu tenho uma equipe que customiza tudo. A gente lava, arruma, prepara os kits, porque tudo precisa de dignidade. As pessoas, mesmo recebendo uma doação, ela precisa receber com dignidade. Se você vai doar, fala toma… eu não faço isso, nem a minha equipe faz.

E, na hora de você entrar é com um abraço, com carinho, com uma palavra, com uma oração. É assim o mundo que eu sonho. Porque não é fácil você bater numa porta e ter que pedir um prato de comida. Mas, se a gente se colocar no lugar dessas pessoas que batem a nossa porta e diz me dá um prato de comida, nunca mais você deixa de doar, nem que seja apenas um quilo de arroz.

Midiamax – Na política, você tem uma história, sendo a mais votada. Como foi a sua eleição para vereadora?

Tereza Name – Essa votação foi fruto de muito trabalho. Ela foi fruto da população ter acreditado, que alguém pudesse fazer alguma coisa. Fiquei quatro anos como vereadora e não me arrependo do trabalho que eu fiz. Sai de cabeça erguida e por questões políticas, não por vontade própria, ou por ter sido derrotada. Mais uma vez a pesquisa me indicava como a mais votada, mas eu parei e pensei: será que eu posso? O que é um ambiente político, você sendo detentora de um mandato.

Eu pude fazer muita coisa e fiz. Fiz pelo social, não é que eu doei, projetos de lei e trabalhos todos voltados para a área da saúde, da educação, da segurança, procurando fazer com que a vida das pessoas se tornasse menos amarga e menos sofrida, principalmente pela saúde das crianças.

O meu trabalho é em função da saúde das crianças, mas preventiva. Existem inúmeros projetos porque se você prevenir, se evita o gasto político, gasto em relação a remédio. Quando se previne contra a doença o gasto é muito menor. Então, eu pautei o meu trabalho na Câmara em cima disso, como parlamentar. E, como cidadã, a vereadora que todo mundo acreditou, que a população acreditou, eu continuei com o trabalho social, com a distribuição dos sopões, das entregas de cobertores, cestas de Natal, do dia das crianças, esses momentos e das emergências que você encontra.

Midiamax – Você cumpriu seu mandato e acabou se afastando da política, ficando nos bastidores. Por quê?

Tereza Name – Fiquei. Na realidade a minha presença como candidata estava criando uma série de problemas, por uma questão de coligação, uma questão de candidato. Eu nunca tive nem ânsia, nem ganância de poder. Pra mim ter ou não ter não significa nada, o que eu quero é servir. Servir o povo, pelo menos da minha cidade e cumprir com um compromisso que eu acredito ter vindo lá de cima, de poder fazer alguma coisa para resgatar a dignidade e qualidade de vida das pessoas. E eu não sei trabalhar de uma forma individual. Eu sei trabalhar e acho que política você tem que trabalhar no coletivo. Porque no momento que você recebe um voto, a pessoa confiou em você, acreditou em você e a gente não tem o direito de decepcionar essas pessoas. Não tem. O político não tem o direito de decepcionar. Se ele decepcionar, não importa se ele recebeu um voto, cem mil, ele tem que fazer jus. Esse país vai pra frente, vai acabar tudo o que a gente vê de escândalos.

Midiamax – Ter sido eleita como a vereadora mais votada mudou alguma coisa em sua vida?

Tereza Name – Eu me lembro que quando eu me elegi aconteceu um fato comigo. Eu fui a primeira mulher mais votada e foi um boom. Eu continuei sendo a Tereza que sempre fui. Uma semana depois das eleições eu fui ao supermercado porque minha casa estava depenada, passei três meses na campanha. Fui fazer compra e parou um, parou outro e todo mundo parabenizando e aí mandavam flores. Começaram a me convidar para lugares onde nunca tinham me convidado. Pessoas que nunca tinham me convidado e que eu já conhecia, nunca tinham me convidado para festa, jantar, para coisa nenhuma, começaram a me convidar. Eu comecei achar que a minha vida estava sendo mudada. Falei espere aí, o que está acontecendo comigo? Fui para o meu cantinho e falei voz alta para mim: tudo isso que está acontecendo na sua vida não é para você. Isso vai passar. É pelo cargo que você vai ter, pelos votos que você teve, quando você sair isso vai acabar. E você vai continuar sendo a Tereza que sempre foi. Aquele dia eu fiquei em paz comigo, porque eu estava começando a ficar incomodada.

Midiamax – E foi o que aconteceu?

Tereza Name. Foi o que aconteceu. Então, tudo na vida da gente é passageiro, por isso que eu digo que não tenho nem ânsia, nem ganância de poder. Se tiver de acontecer de eu ser vereadora, tudo bem vou ser. Se tiver que acontecer de não ser, também não vou ser. Mas, tem uma coisa, Tereza tem voto que não acaba, o povo diz. Eu só peço voto para quem eu acredito.

Midiamax – O prefeito Nelson Trad declarou recentemente que se tiver o seu apoio para as eleições de 2014 já está satisfeito. Ele terá o seu apoio?

Tereza Name – Vou dizer uma coisa, esse negócio de partido para mim não funciona. Essas coisas, eleições para governador, nós temos dois anos, política, já dizia Ulisses Guimarães, é igual uma nuvem, você olha para o céu ela tem o formato de carneirinho, abaixou o olho, levantou outra vez, ela já se modificou. Então, tudo é prematuro. Acho que nós temos bons candidatos para o governo, eu acho que os partidos têm que construir os candidatos, você tem que criar as lideranças. Os partidos têm esta obrigação, te estar formando novas lideranças, porque ninguém é eterno.

Midiamax – Você iniciou na política no PMDB, depois no PSC e agora está filiada ao PSD. Por que destas mudanças?

Tereza Name – Na realidade, quando eu estava no PMDB e saí do partido, eu saí triste porque não tinha espaço para mim, na época. Aí eu fui para o PSC e surgiu o PSD. E, eu vim acompanhando a formação desse partido, a criação, linha partidária e eu entendi que esse era um partido preocupado, em primeiro lugar, com o social. Está nas mãos de uma pessoa que tem vontade de realizar alguma coisa em benefício de Campo Grande e do estado. E, que a gente pode acreditar. Tem uma história. O Antônio João tem uma história no estado, um empresário bem sucedido, deu conta da vida, dos negócios e da família. Tem um lado humano muito forte. E o que eu quero de um partido? Uma legenda para me eleger? Não. Eu quero oportunidade de trabalho.

Midiamax – Quais seus sonhos para as próximas eleições?

Tereza Name – O que eu sonho para o ano que vem? Ser só candidata, ou não ser candidata? Isso é uma coisa lá pra frente. Eu sonho com o trabalho de um partido que venha a mudar os vícios políticos. Você tem que pegar a sociedade, pegar as pessoas da periferia, as lideranças de bairro e estar mostrando para elas a importância de uma eleição. É a educação política. Você tem que fazer a educação política do nosso povo. Eu me lembro que quando eu estudava, apesar que era na época da revolução, a gente tinha aquela disciplina Organização Social e Política do Brasil, não que ali se aprendesse tudo, mas se voltasse essa matéria para o currículo, mas já adaptada as nossas realidades, mostrando o que é um partido e as pessoas fazendo uma opção do partido para votar em seus candidatos, isso é cidadania. E a gente tem que criar isso na população e eu me sinto na obrigação. Um dia eu disse: acho que vereador não deveria ter salário. Você não pode inventar política, tem que viver para a política.

Midiamax – Você acredita que a reforma política aconteça?

Tereza Name – Tenho tentado acompanhar ao máximo. A reforma precisa ser uma verdadeira reforma. Os partidos não podem mais ser partido de aluguel e nós sabemos que existem legendas que são de aluguel. Isso não pode mais existir. Então, tinha que ser uma reforma radical.
No primeiro turno, todo mundo deveria lançar candidato. Eu penso assim. Todos os partidos porque você tem que ver a densidade eleitoral de cada um. Aquele que não tivesse voto tinha que ser extinto porque é de aluguel, tem cinqüenta segundos na televisão e ele vale tanto. Segundo turno e é para isso que existe, aí vão os dois mais votados, se disputa, se coliga, aí tudo bem. Mas, se fala em algumas legendas hoje e o povo não sabe o que é.
Agora, tem que existir o partido. Só que não poder com a finalidade que, entre aspas, existe hoje. Tem que ser um partido que realmente tenha um alicerce, uma filosofia, um programa de partido e lute por ele.

Midiamax – Como você avalia o cenário político, em Campo Grande, com os anúncios de alguns pré-candidatos à prefeitura?

Tereza Name – Eu acho que é muito cedo para você fazer uma avaliação porque eu acredito que a eleição para ela ser deflagrada, para ela ser concretizada, em termos de convenção, ela é um jogo de xadrez. Você vai mexendo as peças.
Todos os que estão se colocando a disposição para serem candidatos, eu não acredito que a eleição tenha sete, oito candidatos. Eu acredito que essa eleição, se ela tiver quatro candidatos será muito. E acho muito cedo arriscar esses nomes.

Midiamax – Você acredita que foi uma boa estratégia do PMDB trazer a vice-governadora Simone Tebet para Campo Grande?

Tereza Name – Já disse que eleição é um jogo de xadrez. Mas, eu acho o nome da Simone fantástico, não apenas porque ela é mulher. A mulher entra na política com o coração de mãe. Com o coração e isso é importante. O político, eu sempre falo, ele tem que ter o coração na frente. Não importa se é homem ou mulher, que partido seja, nada importa. O que importa é o amor no coração.

A mulher, pelo menos eu penso assim, ela se incomoda quando ela vê uma coisa que não é aquilo, que não está certo. Ela sofre muito. Sofre mais que o homem. O homem sofre também, não vou dizer que a mulher é mais honesta que o homem, que serve mais que o homem. Não, mas a mulher tem o coração e o homem a razão. Os dois juntos não tem como errar.

Midiamax – Existe a possibilidade de você voltar como candidata?

Tereza Name – Nada é descartado. Eu só vou pensar nisso depois do carnaval, quando o Brasil desperta. Eu acho que tudo que você disser agora é prematuro. E eu estou para somar. Sou soldado do partido e se for conveniente a minha candidatura tudo bem. Se não for, tudo bem do mesmo jeito, porque, eu volto a repetir poder não é tudo para mim.
O futuro a Deus pertence e eu só digo uma coisa: temos que pedir que Ele ilumine para que seja eleito o melhor, não para mim, ou para você, o melhor para o nosso estado, nossa cidade, para todos, para o coletivo.