Servidores estranham desconto em folha e sindicato se cala após ameaça do Governo

Quem falou pelo governador com os sindicalistas da saúde foi a secretária de Administração, Thie Higuchi. Beatriz Dobashi estaria de férias. A mensagem teria sido curta e grossa: “ou se calam sobre a contratação, ou acordos anteriores com o Sinttss estão cancelados”.

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Quem falou pelo governador com os sindicalistas da saúde foi a secretária de Administração, Thie Higuchi. Beatriz Dobashi estaria de férias. A mensagem teria sido curta e grossa: “ou se calam sobre a contratação, ou acordos anteriores com o Sinttss estão cancelados”.

Ontem (25), em meio à crise instalada com a contratação de um amigo do diretor da Funsau indiciado por improbidade administrativa na cidade de Lins, onde os dois trabalharam juntos e se envolveram em diferentes escândalos na área da saúde, sindicalistas foram convocados para uma reunião de emergência na Secretaria de Administração do Governo.

A secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, foi representada pelo superintendente Eugênio de Barros. As informações, desencontradas, são de que ela estaria de férias.

Quem falou pelo governador com os representantes dos servidores, segundo sindicalistas que participaram da reunião, foi a secretária de Estado de Administração, Thie Higuchi. A mensagem teria sido curta e grossa: “ou se calam sobre a contratação, ou acordos anteriores com o Sinttss estão cancelados”.

A ameaça surtiu efeito. O sindicato cancelou manifestação programada para esta quinta-feira (26) e os diretores desconversam sobre as denúncias. Uma reunião nesta manhã com o diretor Ronaldo Perches está em andamento, mas o assunto, segundo os sindicalistas, se resume a “condições de trabalho”.

Coincidentemente, servidores estaduais da saúde entraram em contato com a reportagem reclamando da cobrança sindical retroativa de um dia de trabalho relativos a 2010 e 2011 que está sendo descontada na folha deste mês.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul (Sintss-MS), Cássio Pereira, confirma que 60% do valor dos servidores estaduais será destinado ao sindicato.

Para se ter uma ideia, um servidor que recebe salário líquido de R$ 1.406,51 teve descontados R$ 49,53. Só na área da saúde, o valor será cobrado de aproximadamente 2.800 servidores.

Segundo o Governo do Estado, funcionários públicos de outras áreas também terão a contribuição sindical debitada.

Mesmo assim, Cássio acredita que o valor destinado da cobrança para os investimentos ficará “na faixa de R$ 50 mil”. Outros 20% serão destinados ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), 15% para a Federação 5% para a confederação.

A decisão da cobrança para trabalhadores estatutários (servidores públicos) é do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) de 2008. A cobrança sindical já é comum para funcionários celetistas amparados pela Consolidação das leis trabalhistas (CLT).

“O holerite nunca veio com quatro dias de antecedência. Agora, justo com esse desconto, chegou antes”, estranha uma funcionária pública do HRMS que preferiu não se identificar.

Segundo o sindicato, o valor será utilizado para a “estruturação, compra de uma sede e possivelmente para a aquisição de um veículo”.

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