Com o início da Piracema, época destinada à reprodução dos peixes, que neste ano terá início no sábado (05), o setor pesqueiro e os funcionários recorrem a diversas alternativas de renda. A presidente da Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo (Acert), Joice Carla Santana Marques, apontou que atualmente, para evitar prejuízos durante a época, a maioria das empresas associadas opta pelas férias aos funcionários e pelos serviços de manutenção.

“O setor também passou a investir em outros serviços, como o Turismo Ecológico, em que os turistas fazem um passeio pelo Pantanal, sem a prática da pesca. Algumas empresas optam por manter os funcionários para a manutenção nas embarcações. Todas essas medidas são tomadas com a finalidade de garantir a subsistência da empresa e dos funcionários”, informou Joice.

Ela também disse que em 2011, cerca de 70% dos funcionários do setor de turismo serão mantidos para os trabalhos de manutenção e reformas dos barcos, já 30% devem receber o acerto de seus serviços. “Alguns funcionários se programam para aproveitar a época de Piracema como férias e optam por realizar o acerto com a empresa e investir o dinheiro em reformas de casa e outros empreendimentos”, apontou a presidente.

Soluções

Trabalhando há mais de 17 anos no setor de pesca, Romualdo Sorrilha, 64 anos, guia de pesca, destacou que durante a época de piracema, acaba trabalhando nos estaleiros, na reforma de barcos. “Como não sou pescador, não tenho direito ao seguro-desemprego. Minha família possui um estaleiro e isso é o que nos mantém nesse período. Nessa época de defeso chegamos a reformar mais de 4 barcos. É um serviço bem diferente da minha profissão, porém, para manter a família temos que fazer o que está ao nosso alcance. A reforma de barcos não traz a mesma renda que tenho ao longo do ano, mas, ajuda a pagar as contas. Para não ficarmos tão apertados, a família aprendeu a economizar durante o ano, assim, em dias difíceis, não passamos apertos”, disse o guia de pesca.

O pescador Carlos Moura de Arruda, 49 anos, também vai recorrer a outra atividade para se manter. Pelo primeiro ano, ele está na área de pesca e ainda não conseguiu tirar a licença e não terá direito ao seguro-desemprego. “Neste ano perdi minha casa que era na área ribeirinha, então, recebi a ajuda de um tio que é pescador. Ele me convidou para ajudá-lo em seu barco e foi assim que consegui me manter. Na piracema vou aproveitar um terreno que me cederam para plantar e assim vender o que produzir. Esse será meu meio de sustento. Na próxima temporada com certeza eu já estarei com o seguro-desemprego e a situação ficará melhor”, relatou.

A família do pescador Luiz Fernando da Costa, já faz a última pesca de 2011 e afirma que todos os anos, consegue se manter apenas com o segurodefeso. “Para garantir uma renda extra só retorno dia 05. Será a última pescaria profissional do ano. Aliás, não tenho do que reclamar. Neste ano, tivemos uma boa pesca, se comparada a 2010, tanto que pude até fazer um estoque de pescado para ajudar na época de proibição da pesca. Minha esposa e eu somos pescadores, e vamos nos manter apenas com o seguro, pois arrumar um bico nesse período é difícil, as pessoas não querem pessoal para trabalhar apenas 4 meses, ou quando querem, o pagamento é muito pouco”, apontou.

Recomeço da temporada

O término da Piracema está previsto para o dia 28 de fevereiro, mas, as recontratações para o setor de pesca começam em janeiro, como apontou a presidente da Acert, Joice Santana. “As atividades pesqueiras começam efetivamente em fevereiro, mas as contratações devem ter início em janeiro, a fim de organizar o setor. No mês de fevereiro, as atividades de pesque e solte já terão início, porém, a prática pesqueira, só deve ter início dia 1º de março, é nessa época que começa o ano para os setores econômicos que dependem da pesca”, informou.