O rei Abdullah da Jordânia intensificou a pressão pela renúncia do presidente sírio, Bashar Al Assad, nesta segunda-feira (14), dizendo que ele deveria deixar o poder pelo bem de seu país. Em entrevista exclusiva à BBC, o rei disse que a situação no país vizinho se transformou em um grande problema que causa frustração e preocupação em toda a região. “Eu acredito que, se estivesse em seu lugar, eu renunciaria”.

“Eu deixaria o poder e faria questão de que quem me sucedesse tivesse a habilidade de mudar a situação que estamos vendo”, disse ele, se referindo à repressão às manifestações dos últimos meses pró-democracia na Síria. O rei Abdullah defendeu ainda que o presidente sírio inicie uma nova era de diálogo político antes de deixar o cargo. “Se Bashar (Al Assad) pensa no bem de seu país, ele vai renunciar, mas também vai pedir ajuda e criar uma nova fase na vida política da Síria”.

No sábado, a Síria foi suspensa da Liga Árabe devido à dura resposta das autoridades do país às revoltas populares. Dezoito membros da Liga, atualmente presidida pelo Catar, votaram a favor da suspensão da Síria, com a própria Síria, o Líbano e o Iêmen (que também enfrenta protestos pró-democracia) votando contra. O se absteve.

A votação ocorreu após a Síria aparentemente ignorar um plano da Liga, o qual havia aceitado inicialmente, que envolvia a libertação de prisioneiros, a retirada de forças de segurança das ruas e a abertura de um diálogo com a oposição. O governo sírio vem restringindo a entrada de jornalistas estrangeiros no país, tornando difícil a verificação e a confirmação dos acontecimentos no local.

Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Al Muallem, disse que a suspensão da Liga Árabe é “extremamente perigosa” e foi motivada pela interferência dos Estados Unidos. “Hoje, há uma crise em que a Síria paga o preço por suas posições fortes. A Síria não vai mudar de posição e vai emergir mais forte. E as tramas contra a Síria fracassarão”, disse Al Muallem.

O ministro pediu desculpas pelos ataques de partidários do presidente Bashar Al Assad a embaixadas em Damasco. No sábado (12), multidões atacaram as embaixadas da França, do Catar, da Arábia Saudita e da Turquia, após o anúncio da Liga Árabe.

As declarações do ministro sírio foram feitas no momento em que ministros europeus se reuniam em Bruxelas para discutir o endurecimento das sanções contra a Síria. O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse que a população civil do país precisa ser mais bem protegida. “Hoje, chegou o dia para decidirmos como proteger melhor a população (síria). Eu espero que o Conselho de Segurança [das Nações Unidas] também, finalmente, tome uma posição”, disse Juppé.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 3,5 mil pessoas já morreram na Síria desde o início dos protestos pró-democracia, em março. As autoridades sírias responsabilizam “terroristas” pela violência.