Rebeldes oferecem a Khadafi passagem livre caso entregue poder

Enquanto enfrentam bolsões de resistência, os rebeldes que controlam a maior parte da capital da Líbia, Trípoli, oferecem anistia e uma recompensa de US$ 1,7 milhão a pessoas que capturem ou matem o líder líbio, coronel Muamar Khadafi, além de livre passagem para o coronel deixar o país caso ele entregue o poder. Um empresário […]

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Enquanto enfrentam bolsões de resistência, os rebeldes que controlam a maior parte da capital da Líbia, Trípoli, oferecem anistia e uma recompensa de US$ 1,7 milhão a pessoas que capturem ou matem o líder líbio, coronel Muamar Khadafi, além de livre passagem para o coronel deixar o país caso ele entregue o poder.

Um empresário líbio ofereceu dois milhões de dinares (US$ 1,7 milhão, ou R$ 2,7 milhões) pela captura de Khadafi ‘vivo ou morto’, segundo os rebeldes.

Mustafa Abdul Jalil, presidente do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT), disse nesta quarta-feira, na cidade de Benghazi, que a iniciativa conta com o apoio dos rebeldes.

‘O conselho apoia a iniciativa do empresário que ofereceu dois milhões de dinares pela captura de Muamar Khadafi, morto ou vivo’, afirmou.

O porta-voz dos rebeldes Guma el-Gamaty disse à BBC que aqueles que estão no círculo mais próximo de Khadafi estão ‘fortemente envolvidos com ele em crimes contra a humanidade e em crimes contra o povo líbio’.

Ele afirmou que agora existe um ‘enorme incentivo psicológico’ para os aliados do coronel. ‘Se eles não quiserem cair com ele e salvar a sua pele, eles ficarão isentos de ser processados se eles o entregarem ou o matarem’, disse.

Livre passagem

Em Benghazi, Jalil afirmou ainda que os rebeldes dariam a Khadafi livre passagem para deixar a Líbia e encontrar asilo em qualquer país, caso aceite deixar o poder.

O porta-voz rebelde, no entanto, disse à BBC que esta chance é remota. ‘Eu acho que (Khadafi) prefere morrer ou ser capturado do que fazer isso (entregar o poder).’

Os rebeldes insistem que é apenas uma questão de tempo até que o líder líbio seja encontrado, mas admitem que não têm pistas de seu paradeiro.

Comandantes das forças rebeldes afirmaram que é importante capturar ou matar Khadafi para eliminar qualquer possibilidade de que o líder ou seus partidários possam organizar um contra-ataque.

Embora o norte da Líbia seja controlado pelos insurgentes, as forças pró-Khadafi ainda estão mantém um controle firme da cidade natal do líder líbio, a estratégica cidade costeira de Sirte, a 450 km de Trípoli, assim como diversas bases importantes no sul, como a cidade de Sabha, 650 km ao sul da capital, localizada no deserto.

Analistas afirmam que Sabha tem uma base da Força Aérea e também presença militar e, se Khadafi e a família conseguirem chegar à cidade, poderiam ter a opção de uma fuga fácil pelo deserto, para o Níger ou Chade.

Um porta-voz dos rebeldes disse à BBC que eles estão negociando com as lideranças das duas cidades para dar um fim pacífico aos conflitos.

Resistência

A capital líbia ainda é palco de combates entre os rebeldes e partidários de Khadafi, que lutam em bolsões de resistência.

Um médico britânico trabalhando em Trípoli, identificado apenas como Moez, disse à BBC que ‘incontáveis corpos’ estão sendo levados aos hospitais da capital líbia.

Ele afirma que os corpos de combatentes rebeldes, mortos na luta para tomar o quartel-general de Khadafi na última quarta-feira, estão sendo empilhados.

‘Bem à minha frente (…) um grande caminhão acabou de chegar – e há 20 corpos na carroceria, sendo jogados, com sangue por todo lugar’, disse Moez.

‘O seu cheiro indica que eles ficaram ali por pelo menos um dia ou dois.’

Os cerca de 35 estrangeiros – em sua maioria jornalistas – presos há dias no hotel Rixos, no centro de Trípoli, deixaram o local na tarde desta quarta-feira.

O hotel fora sitiado pelas forças leais a Khadafi, enquanto a maior parte da capital líbia caía sob o poder dos rebeldes.

Entre os profissionais da imprensa, estavam cinco jornalistas da BBC, que ficaram seis dias no hotel sob condições precárias.

Os jornalistas e demais estrangeiros deixaram o local em veículos blindados.

Ação planejada

Os rebeldes líbios confirmaram nesta quarta-feira que o ataque a Trípoli, iniciado no final de semana, foi resultado de uma operação planejada, coordenada com a Otan.

De acordo com o plano, chamado Operation Mermaid Dawn (ou ‘Operação Amanhecer da Sereia’, em tradução livre), os rebeldes foram treinados na cidade de Benghazi e então enviados em uma operação secreta para a capital para esperar por um sinal já combinado que daria início ao combate.

Os rebeldes entraram em Trípoli no fim de semana, e na terça-feira já ocupavam o QG de Khadafi.

rasil convidado

O Brasil foi convidado para participar dos diálogos para discutir o futuro da Líbia, disse nesta quarta-feira o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

A reunião, marcada para o dia 1º de setembro, em Paris, pretende debater a situação política do país sem a presença de Khadafi.

Após reunião em Paris com o líder do Conselho Nacional de Transição Líbio, Mahmud Jibril, Sarkozy disse que também foram convidados para o encontro China, Rússia e Índia, países que formam com o Brasil o grupo conhecido como Bric.

Além deles, segundo o presidente francês, foram convidadas as nações que participaram da campanha militar contra Khadafi e países tidos por ele como ‘amigos da Líbia’.

O levante contra o regime de Khadafi na Líbia começou em fevereiro. As forças insurgentes começaram sua campanha pelo leste e em bolsões do oeste do país, antes de iniciar sua ofensiva contra a capital.

Bombardeios da Otan contra forças de Khadafi ajudaram a campanha rebelde. A Otan age cumprindo mandato da ONU para proteger a população civil.

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