Quase 12% dos deputados que tomam posse nesta semana são estreantes na política

No próximo dia 1º de fevereiro, 513 deputados federais tomarão posse na Câmara. Desse grupo, a maioria foi reeleita (288 dos eleitos já eram deputados na data da eleição) ou já teve alguma experiência em cargos eletivos no Executivo ou no Legislativo. Mas 61 deles, ou 11,9% do total, nunca exerceram qualquer cargo eletivo. Proporcionalmente […]

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No próximo dia 1º de fevereiro, 513 deputados federais tomarão posse na Câmara. Desse grupo, a maioria foi reeleita (288 dos eleitos já eram deputados na data da eleição) ou já teve alguma experiência em cargos eletivos no Executivo ou no Legislativo. Mas 61 deles, ou 11,9% do total, nunca exerceram qualquer cargo eletivo.

Proporcionalmente à quantidade de vagas, é na região Centro-Oeste em que está a maioria dos novatos (17,1%). Já no Sul, apenas 6,5% nunca foram eleitos antes. Essa turma, contudo, não é tão iniciante assim.

Cerca de dois terços deles (40) já tiveram contato direto com a política – são parentes de políticos, já exerceram cargos públicos não eletivos no Executivo ou acumulam essas duas experiências. Quase um terço (19) é de empresários; os religiosos reúnem 11,5% (sete) dos novatos; e os representantes de movimentos sociais, como de organizações não-governamentais, somam 9,8% (seis) do total. A soma das categorias ultrapassa os 61 novatos porque alguns deles fazem parte de mais de um grupo.

Parentes na política

Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) nunca havia se candidatado e, na primeira tentativa, recebeu mais de 220 mil votos. Ele é irmão de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), eleito deputado federal por cinco vezes consecutivas e nomeado ministro no último governo. Segundo Lúcio, o sobrenome foi fundamental para o resultado.

– A população já conhece o perfil de atuação da nossa família.

O deputado eleito também garante que o histórico político familiar vai facilitar o exercício do mandato.

– Eu já inicio o mandato com amizades no Congresso e conhecimentos sobre o funcionamento da Câmara. Dessa forma, ganho tempo, já que não preciso passar por um período de aprendizagem sobre a burocracia da Casa.

O exercício de cargos não eletivos também garantiu a boa parte dos novatos contato anterior com a política. É o caso de Zé Silva (PDT-MG), funcionário de carreira da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais) e presidente da entidade entre 2003 e 2010. A chefia da empresa pública, segundo Zé Silva, garantiu duas vantagens: capacidade de gestão e notoriedade. A primeira serviu para criar estratégias de campanha, já a segunda assegurou boa parte dos mais de 110 mil votos conquistados logo na primeira candidatura.

Deputados empresários

Segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), cerca de 48% dos 513 deputados eleitos no ano passado são empresários. Um exemplo é Nelson Padovani (PSC-PR), que atua nos setores imobiliário e agrícola e foi eleito deputado após a segunda tentativa. Para ele, a falta de experiência no setor público é compensada pela prática empresarial.

– Estar à frente de projetos que se consolidaram e cresceram nos últimos anos propiciou o aprendizado sobre as transições econômicas pelas quais já passamos, sobre os modelos governamentais e, principalmente, sobre as realidades das diferentes classes sociais.

O alto número de deputados empresários, segundo publicação do Diap intitulada Radiografia do novo Congresso 2011-2015, é resultado do fato de que “os agentes econômicos preferiram disputar a eleição para o Legislativo, cuja pauta vai incluir matérias trabalhistas e a reforma tributária, em lugar de enviar meros representantes”.

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