Um repasse de R$ 40 mil da prefeitura de Sidrolândia para uma das funerárias da cidade gerou polêmica no município, localizado a 70 quilômetros de Campo Grande. De acordo com o projeto, a Pax Bom Jesus receberá do poder municipal o incentivo e, em contrapartida, dará “isenção das taxas que a prefeitura arca nos velórios quando a família não tem condições de pagar”.

“Entramos com o pedido, mas não tivemos retorno. Essa funerária já tem uma frota de veículos, uma chácara, um ganho muito bom. Essa é a terceira vez que ela é beneficiada por essa administração [Daltro Fiúza, do PMDB]”, comenta Roberto Villasanti, dono de outra pax da cidade, a Brasil Med.

Segundo ele, em 1988, a Prefeitura teria dado uma capela e, em 2005, o próprio executivo teria cedido um terreno para a construção de outra capela da empresa particular.

“Preferia que não desse [incentivo] para nenhuma e investisse mais na cidade, em hospital, escola. Tem bastante coisa para arrumar em Sidrolândia”, critica o empresário que não recebeu nenhum ‘incentivo’ com dinheiro público.

Segundo o projeto aprovado pelos vereadores, o dinheiro será aplicado exclusivamente em obras de ampliação da capela e na construção de cinco salas de consultórios médicos e odontológicos.

A pax deverá apresentar um Plano de Trabalho detalhando a aplicação dos recursos públicos e ainda apresentar à Secretaria de Finanças, a prestação de contas da verba recebida.

“Bom para o município”

O presidente da Câmara dos Vereadores de Sidrolândia, Jean Nazareth (PT), garante que o repasse é legal e, afirma que, nesse caso, “quem ganha é a população do município”. Ele disse ainda que a outra pax da cidade fez também fez uma proposta parecida de incentivo, que ainda estaria sendo avaliada pelo prefeito Daltro Fiúza (PMDB).

“A pax fez uma proposta de incentivo e, em contrapartida, ela daria a isenção para a prefeitura relativa à promoção social, quando a pessoa não tem condição de fazer o velório”, comenta. “Para a Câmara o importante é atendermos a população de baixa renda”, justifica.

O parlamentar disse ainda que caso o Executivo aprove a proposta da pax Brasil Med, a Câmara autorizará o repasse. “Tudo que faz para uma e não contempla a outra, dá conversas. Mas tranquilamente nós analisamos e para o município isso vai ser bom”, disse.

Ele citou ainda outras empresas da cidade, como a Seara, que recebeu incentivos fiscais para fixar um polo no município, um dos que mais crescem hoje em Mato Grosso do Sul. “Hoje a empresa [Seara] gera 2.500 empregos. Ela ia vir pra cá sem nenhum benefício? Assim como para outras empresas, os administradores concederam benefícios”, compara.