Ponte sobre rio Miranda, no Passo do Lontra, é sete vezes mais cara que obra semelhante, recém inaugurada no rio Taquari

A ponte de concreto sobre o rio Miranda, no Passo do Lontra, estrada Parque, que está próxima de ser concluída, tem um custo de R$ 14.8 milhões. A grandiosa ponte do governo Puccinelli, no meio de uma das áreas mais despovoadas do Pantanal, foi projetada, licitada e contratada pelo antigo secretário de Obras, e agora deputado federal pelo PMDB, Edson Giroto.

A ponte é fruto de um convênio do Ministério do Turismo com o governo estadual, que entrou com a contrapartida de R$ 8 milhões.

A “mega estrutura”, como diz o governo, vai ter 240 metros de comprimento por 10,80 metros de largura, e ainda vão central de 100 metros, segundo a secretaria estadual de Obras.

Outra ponte de concreto, recém inaugurada pelo governador Puccinelli, custou apenas R$ 2,1 milhões. Essa ponte pré-moldada tem 192 metros sobre o rio Taquari, e interliga as sub-regiões da Nhecolândia e do Paiaguás do Pantanal.

Comparando-se as fotografias das duas construções, nota-se que as características dos rios são semelhantes, apesar da diferença de R$ 12.7 milhões no custo das pontes.

Além disso, o curioso é que em toda a estrada Parque “são mais de 70 pontes de madeira para dar vazão às águas das cheias que ocorrem no Pantanal”, como informa o próprio governo estadual. E que vão depender de reformas constantes.

Obra custa metade da verba para outras pontes de concreto 

De um convênio com o ministério da Integração para a construção de 37 pontes de concreto, que são mais adequadas para o tipo de caminhão de carga da região pantaneira, o governo Puccinelli já recebeu a metade do governo federal – R$ 15 milhões.

No último dia 29, em reunião com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PMDB), o governador, ladeado pelo deputado do PMDB, solicitou mais R$ 15 milhões para concluir as pontes, antes do período de chuvas. Ou seja, está faltando dinheiro para suprir todas as regiões.

Sobre a “mega ponte” em fase final de construção, o secretário estadual de Obras, Wilson Tavares, afirma: “Vai ser bom para os turistas e moradores porque a ponte de madeira precisa de reparos e era danificada com frequência, interditando a estrada”.

Custo da ponte supera verbas para educação e saúde

Esse custo equivale, ou supera, o orçamento anual de muitas outras ações em favor do desenvolvimento do estado, e das pessoas que aqui pagam seus impostos.

Senão veja: até agora, em 2011, o governo Puccinelli recebeu da União R$ 13.2 para compra de medicamentos excepcionais, os mais caros; R$ 1.9 milhão como repasse para a formação de professores e gestão educacional; R$ 15.8 milhões como apoio à alimentação na Educação Básica; R$ 3.4 milhões por dois anos de integração de tecnologias entre Embrapa e Agraer; R$ 871 mil para proteger mulheres vítimas de violência, durante três anos; R$ 16 milhões para evitar febre aftosa e outras doenças no gigantesco rebanho estadual; R$ 894 mil em formação permanente de profissionais de Saúde; ou R$ 840 mil para implantar a polícia comunitária em Campo Grande, Corumbá e Nova Andradina. E vai por aí.

Só na área da Saúde, durante todo o ano de 2011, a reportagem do Midiamax registrou dramas cotidianos que afligiram, e afligem, milhares de famílias que têm enormes dificuldades de acesso aos serviços de saúde do SUS. 

Foram registros como o drama de pais que perderam filhos nas rodovias, com a chamada “ambulancioterapia”; as queixas severas de quem espera por tratamento de câncer, ou tem que sair do MS para encontrá-lo; a longa fila de alguns anos para fazer uma cirurgia eletiva; e pessoas na mais tenra idade morreram com picadas por animais peçonhentos.