Ponte antiga de madeira quebra e ônibus com 20 aposentados quase cai em córrego

Acidente aconteceu no dia que governador reuniu imprensa para assinar ordens de serviços da construção de pontes destruídas com chuva neste ano. Recursos de R$ 30 milhões vieram do Governo Federal.

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Acidente aconteceu no dia que governador reuniu imprensa para assinar ordens de serviços da construção de pontes destruídas com chuva neste ano. Recursos de R$ 30 milhões vieram do Governo Federal.

A péssima condição das estradas e pontes em Mato Grosso do Sul causou um susto em vinte idosos aposentados da Comunidade de Quilombola Furnas do Dionísio, a 40 km de Campo Grande. Eles estavam em um ônibus que quase caiu no córrego Ribeirão.

O acidente aconteceu na tarde desta terça-feira (5), quando uma ponte com aproximadamente 40 anos de idade quebrou. Durante a manhã, o governador André Puccinelli reuniu a imprensa para assinar ordens de serviço para construção de pontes destruídas durante as chuvas no começo do ano com dinheiro que o Governo Federal enviou.

Na época, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, deu um ‘puxão de orelhas’ no governador para que o Mato Grosso do Sul deixe de gastar dinheiro público com pontes de madeira e passe a construir pontes de concreto, que duram mais. A sugestão é uma forma de evitar o desvio de dinheiro público em constantes obras de manutenção de pontes frágeis.

‘Corpos no Córrego’

Os idosos seguiam para a Comunidade da cidade de Jaraguari (a 50 km de Campo Grande), de onde recebem aposentadorias e realizam consultas médicas. A estrada é o único acesso que liga a região com a MS-010 e a BR-163.

O ônibus só não caiu, pois o motorista conseguiu dar ré, no momento em que a roda dianteira direita afundou na ponte. No momento em que a reportagem chegou ao local, o veículo já havia sido retirado.

No local estavam aproximadamente 20 alunos da Escola Estadual Zumbis dos Palmares que colocaram galhos de árvores e placas com dizeres de atenção.

De acordo com a presidente da comunidade, a lavradora, Maria Aparecida Martins, 56, já foi pedido os reparos ou a construção de uma ponte nova junto ao poder públcio. Agora será feito um ofício que será entregue aos deputados estaduais.

“Não tem que esperar acontecer uma fatalidade, isso já é uma tragédia antecipada, não queremos recolher corpos de aposentados no córrego”, disse a diretora da escola Zumbis dos Palmares, Luzia Brito.

“Sorte que o motorista conhece a estrada e soube retirar o ônibus, caso contrário, poderia ter acontecido algo pior”, disse a presidente da comunidade.

Além de serviços básicos feitos em Jaraguari, a estrada serve de acesso para estudantes da Escola Estadual Zumbis dos Palmares e Escola Municipal Vieira Pólo, onde transitam diariamente duas vans que levam e trazem alunos do 6° ano ao Ensino Médio.

“Tem que fazer uma ponte de concreto”, diz o pedreiro Orlando Alves da Silva. “Isso não é uma coisa que pegou a gente de surpresa, pode acontecer uma tragédia maior”, conta o professor Waldemir Nunes, 44.

A comunidade que fica no pé da Serra de Maracaju foi fundada em 1901 pelo ex-escravo Dionísio Antônio Vieira, o “Véio Dionísio”. A ponte é o único acesso dos cerca de 400 pessoas das 90 famílias da comunidade que na sua maioria vivem da economia de plantação de hortas e hortaliças e produção de rapadura, melado e farinha.

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