“Fazenda do Giroto”, como é conhecida em Rio Negro, está escriturada em nome do deputado, do coordenador da Agesul, João Afif Jorge e até no nome da filha de outro colega na Agesul, Beto Mariano, pai de Mariane Mariano, médica. Um irmão do parlamentar também consta como sócio na escritura, que terá de ser explicada ao MPE até o próximo dia 25

O deputado federal (PR) tem até o próximo dia 25 para explicar ao MPE (Ministério Público Estadual) o valor pago por uma fazenda que comprou em agosto de 2008 na cidade de Rio Negro. Na propriedade, os peões apontam o parlamentar como dono das terras. Na região também todo mundo se refere à área como a “fazenda do Giroto”.

Mas, na escritura registrada no cartório da cidade, Edson Giroto consta apenas como um dos quatro sócios que teriam comprado a fazenda, entre os quais um irmão do deputado, um coordenador da Agesul (Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos de Mato Grosso do Sul) e até uma médica que é filha de outro empregado da Agesul.

Desde dezembro de 2009, a 30ª Promotoria de Justiça de Patrimônio Público e Social e das Fundações de Campo Grande, apura uma suposta manobra na escritura adquirida pelo consórcio integrado por Giroto.

A denúncia, feita anonimamente, afirma que o deputado federal teria comprado a fazenda e, na hora de registrar o imóvel, mentido para menos o valor real pago pela área. Daí, a desconfiança do MPE.

A reportagem do Midiamax apurou que a fazenda em questão, a Vista Alegre, distante 19 km de Rio Negro, mede 1.062 hectares e foi negociada por R$ 1.730.000,00. Por hectare, Giroto teria pagado R$ 1.629,00.

É bem menos do que o preço praticado na região, onde corretores de imóveis concordam que não se vende terra por menos de R$ 3 mil a R$ 3.500 por hectare.

A quantia, já paga, foi acertada em duas parcelas assim fixadas: R$ 865.000 em 28 de fevereiro de 2009 e um valor igual em 28.08.2009. Essa informação consta em documento registrado no cartório de Rio Negro, ao qual o Midiamax teve acesso. Humberto Pó, pecuarista que moraria em São Paulo, foi quem vendeu a propriedade ao deputado federal e seus amigos de Agesul.

Se cada um dos sócios de Giroto entrou com partes iguais no negócio, teve de desembolsar R$ 432.500,00 para se tornar fazendeiro em Rio Negro, terra explorada principalmente por grandes pecuaristas.

O Ministério Público Estadual aguarda as declarações de ganho do atual deputado federal, que eleito principalmente com recursos de André Puccinelli e de empreiteiras, para, depois, examinar se o valor pago na fazenda Vista Alegre é compatível com a renda de Giroto. Até ser eleito deputado, ele era secretário de estado do governador.

Sócios amigos

De acordo com o registro imobiliário, Giroto é sócio da médica Mariane Mariano de Oliveira, filha de um amigo próximo do deputado, o ex-prefeito de Paranaíba, Beto Mariano, que coincidentemente é coordenador de suporte e manutenção da Agesul.

Outro parceiro de Edson Giroto no negócio da fazenda, o engenheiro civil João Afif Jorge, também é um dos coordenadores da Agesul, órgão estadual que cuida das estradas e pontes em todo o território de Mato Grosso do Sul, inclusive das licitações para as obras viárias.

Técnicos do MPE fizeram uma vistoria na fazenda de Giroto em novembro passado. O parlamentar teria de mostrar seus documentos contábeis em abril, mas pediu um prazo e o Ministério Público acatou o pedido esticando para o próximo dia 25 o limite para a entrega dos documentos.

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