Operários de empreiteira que constroi prédio de luxo na Capital denunciam jornada forçada
Denunciantes vieram de estados nordestinos atraídos por bons salários; eles disseram que foram trazidos pelos conhecidos ‘gatos’. Trabalhadores querem deixar a empresa, mas suas carteiras ficaram retidas
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Denunciantes vieram de estados nordestinos atraídos por bons salários; eles disseram que foram trazidos pelos conhecidos ‘gatos’. Trabalhadores querem deixar a empresa, mas suas carteiras ficaram retidas
Um grupo de trabalhadores vindas de cidade do Nordeste, principalmente de Sergipe, Piauí e Alagoas, denunciou para a reportagem do Midiamax que está trabalhando em condições insuficientes de segurança, carga horária forçada, pouca alimentação e ainda a retenção das carteiras de trabalho daqueles que pedem demissão, o que os impede de conseguir vaga em outras empresas por falta de documentação.
A empresa em questão é a Brookfield Incorporações, que está construindo prédios residenciais de chamados de Vitalitá, nas proximidades do Parque do Sóter, em Campo Grande.
Os trabalhadores alegam que foram contratados por um agenciador, que na gíria é conhecido por “gato”, em seus estados com promessa de salários atraentes. Depois disto foram trazidos em uma Van clandestina por este mesmo homem que eles apenas conhecem pelo nome de Alexandre.
José Santos veio do Sergipe acreditando que com a promessa de um salário de R$ 950,00 bruto mais horas extras poderia retornar para sua terra com alguma economia para investir em seu negócio que está apenas começando, uma lan house.
“Meu salário é de R$ 720 para ser carpinteiro, mesmo do que ele combinou comigo. Sem contar que na sexta da paixão não deram jantar pra nós depois de um dia forçado de serviço”, reclama.
Outra denúncia do carpinteiro é que nos alojamentos já faltaram água por três dias, outras duas noites também não foram servida jantar e que, inclusive, a comida é considerada pouca se levada em conta a carga horária (7h as 11h30, 12h30 as 19h).
Embora tenha no papel um horário a cumprir, os trabalhadores dizem que em alguns dias ficam até 22h, isto porque só podem parar quanto a janta chega.
Os ajudantes da obra, diferente dos ditos profissionais, não têm direito de ficar no alojamento da Broofield. Com isto são obrigados a alugar pequenos cômodos na região.
Este é o caso dos irmãos sergipanos Paulo Pedro e Epitácio que dividem um pequeno cômodo com outros três rapazes em um cortiço que fica a menos de três quadras do local da obra. Por mês pagam juntos R$ 200,00. Todos pediram as contas para irem embora, mas suas carteiras de trabalho ficaram retidas na empresa.
“Com nossa carteira lá não podemos arrumar nada pra juntar um dinheiro pra ir embora. Sem contar que nosso acerto também não saiu”, revela Pedro, que tem 20 anos. Ele e o irmão deixaram família para tentar uma vida melhor. Seus pais trabalhem na roça no cultivo de caju para extração de polpa e castanha.
Um trabalhador que não terá o nome revelado fez algumas fotos no interior do pátio da obra. Lá é possível constatar que os banheiros não recebem limpeza, há muito lixo acumulado e os alojamentos, segundo ele, são “visitados” constantemente por ratos e baratas. “Não desejo pra ninguém esta vida de cão que levamos, nem pro meu pior inimigo”, diz.
Agenciador
Os trabalhadores denunciam que o “gato” cobra de cada trabalhador a quantia de R$ 600,00 com a garantia da vaga na obra.
Porém, afirmam que ficaram sabendo que a Broonfield destina para os custos de cada contratado R$ 300,00.
“Ele [gato] ganha dinheiro em cima da gente”, diz um ajudante que já pensa em ligar para a família no nordeste pedindo dinheiro para que ele possa voltar para sua terra natal. Um primo dele já fez isto na semana passada deixando para traz documentação retida na empresa e seu pagamento do mês.
A reportagem entrou em contato com o setor de assessoria de imprensa da Brookfield, que fica em Brasília. O assessor se comprometeu a entrar em contato com a diretoria e se posicionar sobre as denúncias.
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