Faleceu na manhã de hoje (18), no hospital São Lucas, Copacabana, Rio de Janeiro (RJ), aos 91 anos de idade, o ex-prefeito de Campo Grande e ex-ministro da Saúde Wilson Fadul. Estava internado desde o início do mês de outubro e o motivo da morte foi insuficiência cardíaca.

A informação é de sua neta, Joana Fadul. O velório será nesta quarta-feira (19), das 9h às 16h, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e a cerimônia de cremação na quinta-feira (20). Deixa três filhos e três netos.

Wilson Fadul foi homenageado em 2 de maio deste ano pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, por proposição do deputado estadual Felipe Orro (PDT). Ele empresta nome à Comenda do Mérito do Trabalho Ministro Wilson Fadul, honraria destinada a homenagear trabalhadores que se destacam no exercício de suas profissões.

O deputado Felipe Orro foi informado no início da manhã da morte de Fadul e lamentou o ocorrido em mensagens postadas nas redes sociais: “O Brasil e, sobretudo MS, perde um dos mais valorosos filhos. (…) Nosso abraço solidário à família de Wilson Fadul (…) A nós fica o exemplo de vida deste grande brasileiro.”

Diplomado pela Faculdade Fluminense de Medicina, em Niterói, em 1945, no ano seguinte, ingressou na Aeronáutica como segundo-tenente médico, sendo designado para servir no município de Campo Grande, então no estado de Mato Grosso. No pleito de outubro de 1950 elegeu-se vereador em Campo Grande na legenda do PTB, tornando-se no ano seguinte presidente da Câmara Municipal. Prefeito da cidade em 1953, em outubro do ano seguinte foi eleito deputado federal por Mato Grosso, mandato que só assumiu em fevereiro de 1955, após deixar a Prefeitura.

Reeleito deputado federal em outubro de 1958, dois anos depois concorreu ao governo de Mato Grosso, mas não foi bem sucedido. Após a renúncia do presidente Jânio Quadros (25/8/1961), integrou a comissão encarregada de elaborar a Emenda Constitucional nº 4 (2/7/1961) que, aprovada pelo Congresso, implantou no país o regime parlamentarista, adotado como forma conciliatória para permitir a posse do vice-presidente João Goulart, cujo nome era vetado pelos ministros militares. Posteriormente, em setembro de 1962, votaria pela antecipação do plebiscito que, previsto para o início de 1965, acabaria por realizar-se em janeiro de 1963, determinando o retorno do país ao presidencialismo.

Eleito para o seu terceiro mandato em outubro de 1962, Fadul licenciou-se em junho de 1963 da Câmara dos Deputados para assumir o Ministério da Saúde. Em sua gestão realizou-se uma pesquisa sobre a indústria farmacêutica no Brasil, que revelou um índice de desnacionalização no setor de cerca de 95%. Baseado nessas informações, o governo federal criou o Grupo Executivo da Indústria Farmacêutica Nacional com o objetivo de defender a indústria nacional de medicamentos, proibindo a importação de matéria-prima a preços fora da concorrência internacional e incentivando a implantação de uma indústria química de base.

Consumado o golpe militar de 31 de março de 1964, Fadul foi demitido do Ministério da Saúde em 4 de abril, reassumindo em seguida sua cadeira na Câmara, mas teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos em junho de 1964 pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1).

Afastado da Câmara, Fadul ajudou a fundar a Frente Ampla, resistência democrática à ditadura, sendo o interlocutor de Jango no exílio. O Ato Institucional nº 5 jogou a Frente Ampla na clandestinidade, Fadul, então, decidiu deixar o Brasil e foi para França, estudar Filosofia.

Com a aprovação da anistia, o fim do bipartidarismo em novembro de 1979 e a consequente reformulação partidária, Wilson Fadul retornou ao Brasil, ajudou Brizola a fundar o PDT e foi designado a Mato Grosso do Sul, onde organizou o partido e foi candidato a governador em novembro de 1982.

Passadas as eleições e estando o PDT devidamente estruturado no Estado, Wilson Fadul retornou ao Rio de Janeiro,  tendo assumido a vice-presidência do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) entre os anos de 1984 e 1987, durante o primeiro governo de Leonel Brizola (1983-1987), e a presidência do banco, no mandato seguinte do pedetista (1991-1994).