Com o esgoto correndo a céu aberto e o mau cheiro se espalhando pelas residências do Jardim Dourados, na região próxima à Segunda Lagoa, moradores clamam por soluções do poder público e questionam o destino do dinheiro da Petrobrás “carimbado” para ser empregado na criação do “Circuito das Lagoas” e no asfaltamento das ruas próximas.

Segundo eles, a situação se agrava nos finais de semana, em que a bomba responsável pelo escoamento do esgoto, dos bairros próximos, deixa de funcionar.

Um dos moradores vizinhos a bomba, na avenida Filinto Muller, próximo ao Jatobazão, alega que raramente vê funcionário no local. “Só mesmo quando constatam problemas na rede. Fora isso, nunca vem ninguém. Ali é um lugar perigoso, pois sabemos que esgoto gera o gás metano, tóxico e inflamável”, contou Gilberto Gomes.


Dinheiro da Petrobrás

Em agosto de 2006, a então prefeita, Simone Tebet (PMBD), assinou um convênio com a Petrobrás de R$ 5 milhões que seriam empregados exclusivamente na pavimentação asfáltica das ruas em torno das três lagoas e na criação de uma Unidade de Conservação, denominada “Circuito das Lagoas”.

O recurso fazia parte da verba compensatória devido à construção da Usina Termelétrica, Luis Carlos Prestes, pela Petrobrás, no Município.

Entretanto, o secretário de obras e serviços públicos, Getúlio Neves da Costa Dias, afirmou que, com o dinheiro foi possível apenas realizar obras na Lagoa Maior.

“Ali fizemos a reurbanização, o parquinho, a pista de skate, a passarela, instalamos luminárias em torno de toda a Lagoa, reformamos a pracinha e iremos construir o ginásio Poli Esportivo. Nisso foram gastos R$ 3 milhões. O restante do dinheiro foi empregado em asfalto nas ruas ao redor”, enumerou.


Moradores

Para o aposentado, Eurípedes Gonçalves de Assis, o dinheiro realmente nunca chegou à Segunda Lagoa. “A situação aqui é caótica. Não vejo o porquê esse recurso não possa ter sido empregado também nessa região, na qual os problemas são antigos e de conhecimento de todos. Constantemente chamamos a Sanesul para resolver, mas a solução é momentânea”, denuncia.

Já o caminhoneiro Antonio Carlos Dias é mais enfático. “Com a bomba do Jatobazão funcionando indevidamente, o esgoto vai direto pra Segunda Lagoa, mas antes deixa seu rastro de fedor e possíveis doenças aqui entre nós. Onde está o poder público e o dinheiro da Petrobrás para nos socorrer?”

Diante de tantos problemas com a bomba do esgoto, um dos moradores da região passou a ter o apelido de “Zé da Bomba”.

José Zacarias Nogueira Dias reside próximo a Segunda Lagoa desde que nasceu. “Daqui eu vejo todo o nosso patrimônio natural ser destruído pela má administração humana. Peguei esse apelido devido aos constantes telefonemas ao Departamento de Obras e à Sanesul para que tomassem providências quando as duas bombas daqui – a que leva água da Segunda Lagoa para a Maior, de forma a evitar que esta transborde, invadindo as casas e a que leva o esgoto para longe de nós”, contou Zé da Bomba.


Legislativo

Chamados pelos moradores, os vereadores Jorge Martinho (PMDB) e Ângelo Guerreiro (PDT), oposicionistas à prefeita, Márcia Moura (PMDB), estiveram nos locais, nesta segunda-feira (20), evidenciando os problemas.

“Entre a Segunda e a Terceira Lagoa, eu vi a água podre sair de dentro de uma boca de lobo. Os recursos da Petrobrás, que deviam ser empregados nas três lagoas, criaram expectativa nos moradores de melhoria na região. Os problemas ambientais poderiam ter sido solucionados com esse valor, mas ao que fui informado, foram destinados apenas na Lagoa Maior”, relatou Jorge Martinho.

Segundo Ângelo Guerreiro, quando os funcionários, de uma grande empresa em construção na Cidade, chegam ao alojamento, aumenta o fluxo de esgoto. “Com isso, agrava os alagamentos nas ruas próximas e os dejetos humanos começam a invadir a Segunda Lagoa. Quem quiser conferir a triste situação é só ir à região das antigas olarias”.


Departamento de Obras e Serviços Públicos

De acordo com o diretor de obras e serviços públicos, Agamenon Alves de Oliveira, o que compete à Prefeitura já foi realizado nesta terça-feira (21). “Pedi para a Sanesul tomar providências quanto ao fato”, informou.


Sanesul

O Midiamax tentou entrar em contato com o diretor regional da Sanesul, em Três Lagoas, Álvaro Ricardo Calábria de Araújo, mas não obteve retorno aos telefonemas.