Durante visita do ministro da Defesa, Celso Amorim, ao Estado na quinta-feira (22), reportagem do jornal O Estado de São Paulo flagrou boiada cruzando a fronteira a menos de 30 quilômetros do bloqueio montado pelo Exército, na área de influência do foco de febre aftosa notificado pelo Paraguai.

De acordo com a matéria publicada pelo Estadão, no percurso de 410 quilômetros ao longo da Linha Internacional, divisa entre os dois países, não foi localizada nenhuma barreira, região onde a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) informava ter sido reforçada nos 15 postos fixos além de cinco equipes volantes.

O gado paraguaio teria sido flagrado enquanto atravessava um dos trechos asfaltados em rodovia no distrito de Sanga Puitã, mesma região onde um surto de aftosa em 2005 causou o abate de mais de 35 mil animais, interdição de propriedades rurais e prejuízo superior a R$ 1 bilhão.

Moradores da área de fronteira apontam a falta de controle por falta de cercas, descaso ou em função do baixo preço do gado que seria comprado para abastecer açougues de Ponta Porã e região.  Os casos de febre aftosa foram confirmados no departamento de San Pedro, a 130 km da fronteira com o Brasil o que levou ao embargo da carne e provocou queda de 50% no preço da arroba no mercado paralelo, pois os negócios oficiais estão paralisados.

Produtores da região demonstram apreensão quando relatam que têm a preocupação em aplicar a vacina, mas não conseguem controle sobre o boi doente que atravessa para o Brasil e, caso infecte um rebanho deste lado, perderão tudo, mesmo que tenham feito a sua parte em relação ao controle da doença.

Informada de que havia bois entrando livremente no Brasil, a secretária de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias disse que todo gado que passar a fronteira será abatido. Criadores têm o hábito de manter bois soltos nesta faixa, embora sejam animais vacinados, mas não podemos correr este risco e, também, é “complicadíssimo” manter presença constante de fiscais ao longo de uma fronteira seca de 700 quilômetros, segundo explicou a secretária.

 (Com informações do jornal O Estado de São Paulo)