Mineira de 114 anos leva a vida com bom humor e muita pimenta

Reconhecida pelo Guinness como a pessoa viva mais velha do mundo, a mineira Maria Gomes Valetim leva uma vida tranquila no interior de Minas Gerais. Aos 114 anos, Vó Quita – como é conhecida na cidade – é cercada de cuidados próprios da idade, é vaidosa e se rende a alguns caprichos na alimentação, de […]

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Reconhecida pelo Guinness como a pessoa viva mais velha do mundo, a mineira Maria Gomes Valetim leva uma vida tranquila no interior de Minas Gerais. Aos 114 anos, Vó Quita – como é conhecida na cidade – é cercada de cuidados próprios da idade, é vaidosa e se rende a alguns caprichos na alimentação, de acordo com a bisneta Taís Nolasco, que contou ao G1 a rotina desta brasileira centenária. Vó Quita passou a infância na roça e hoje vive em um sobrado no centro de Carangola, na Zona da Mata mineira.

O segredo de viver tanto parece simples, não requer dieta e dispensa medicamentos para controlar a pressão ou o colesterol. “Sempre que perguntamos isso [o segredo], ela responde: cuidar só da minha vida, só isso”, falou a bisneta. Um cochilo depois do almoço, pimenta e três dedinhos de vinho ajudam no caso de Maria Gomes Valentim. Segundo Taís, a bisavô adora pãozinho, refrigerante e costuma lanchar à tarde uma empadinha de frango apimentada. “Tudo dela tem que ter pimenta, mas muita pimenta”, disse. O salgadinho é um tipo de tradição, que era comprado na porta de casa e agora o fabricante já acrescenta pimenta para atender a um pedido da cliente, hoje preferencial, segundo Taís. O vinho é só de vez em quando. “ A última que ela tomou vinho foi há dois meses”, contou.

Bom humor ajudou em alguns momentos a aliviar a idade avançada. “Até os 110 anos, ela ia ao banco, à padaria. O pessoal do banco já estava acostumado. Ela furava a fila do idoso, porque era a mais velha de todos ali. Para ela precisava da fila do superidoso”, lembrou a bisneta.

Tão acostumada a festejá-los, Vó Quita adora aniversários e já se prepara para mais um, em 9 de julho. Na comemoração dos 115 anos, ela deve receber formalmente a homenagem do livro dos recordes. “Vai ser aniversário de debutante, de 15 anos, brincamos assim (risos)”, conta Taís. “A gente vai fazer como em todos os anos, reunir a família, os vizinhos, sem pretensão de grande festa. O pessoal do Guinness quer vir para entregar o certificado”.

De acordo com a Taís, a notícia do reconhecimento já foi dada. “Parece que ela estava esperando, porque hoje acordou bem disposta”. Desde ontem, os parentes já sabiam que a notícia ganharia repercussão internacional nesta quarta-feira (18).

Mesmo com dificuldade de locomoção devido a uma fratura no fêmur, com restrição da audição e da visão – sequelas da idade – e com um marca-passo usado há quase 15 anos, Maria Gomes Valentin não é de reclamar da vida, segundo o perfil carinhoso traçado pela bisneta. “Ela passa por momentos de bastante satisfação, mas fica triste também. No geral, eu creio que é uma pessoa feliz, não é de reclamar muito”, disse a bisneta. No dia a dia, ela recebe a atenção de duas cuidadoras, que a ajudam a andar e a tomar banho.

Vó Quita se casou aos 16 anos, em 1913, teve um único filho, que já faleceu. Era a mais velha de seis irmãos e já enterrou todos. O pai viveu muito, passou dos 90; já a mãe morreu com pouco mais de 50. A mulher e pessoa mais velha do mundo ficou viúva em 1946 e, quando casada, se dedicou às tarefas domésticas. Do casamento, lembranças foram repassadas. “Ela conta que, quando era casada, deixava o marido em casa cuidando do filho, montava no cavalo e ia para o forró”, disse Taís, que justificou dizendo que o bisavô era muito caseiro e a bisavó adorava dançar. “Sempre viveu muito bem no tempo que era casada. Ela é uma pessoa da paz”, disse.

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