Mães denunciam falta de pediatras em Três Lagoas e secretário diz ‘desconhecer o fato’

Crianças são atendidas por clínicos gerais na Rede Pública de Saúde em Três Lagoas, em meio ao receio das mães quanto à eficácia da consulta e da medicação receitada. Enquanto isso, Sérgio Jeremias, pediatra e secretário Municipal de saúde, alega desconhecer a falta de médicos especializados em crianças nas ESF e nas UBS.

A mãe Fátima Faria Feitosa busca há mais de uma semana pediatra para o filho de 11 meses, Ryan Henrique Feitosa dos Santos. “Faz mais de sete dias que meu bebê tosse e tem febre. Com a bronquite atacada, os pulmões dele estão quase fechando. Contudo, não encontro pediatra nos Postos. Ryan é atendido por clínicos geral que, além de nem tocar na criança, passam remédios que não resolvem nada. Na Rede parece que só há paracetamol e amoxilina”, desabafou.

Em menos de 15 minutos, 12 crianças deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (Postão), na noite desta segunda-feira (04). Porém os atendimentos médicos foram realizados por clínico geral, comprovando a denúncia das mães.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido de Queiroz, não há pediatra nas oito Estratégias de Saúde da Família (ESF), na Clínica da Criança e no Postão. Apenas em duas, das quatro Unidades Básicas de Saúde há pediatra para atender as crianças.

“Nem a Clínica da Criança dispõe de pediatra para atender as crianças. É notável que um secretário da saúde, cuja especialidade é pediatria, não faça nada para solucionar imediatamente esse quadro. Tanto ele quanto a prefeita, Márcia Moura (PMDB), parecem ficar de braços cruzados diante dessa situação”, declarou, exaltado.

Desconhecimento

Através de contato telefônico, o secretário municipal de saúde, Sérgio Luiz dos Santos Jeremias, disse para que sua secretária expusesse ao Midiamax que desconhece a falta de pediatras na Rede Municipal de Saúde de Três Lagoas.

“O Secretário pediu para informar que já se pronunciou em outro órgão de imprensa e não pretende reiterar sobre esse assunto. Ele solicitou a este Jornal que constate corretamente, em quais locais estão faltando pediatras, pois tal afirmação é inverídica”, afirmou a servidora pública.

Mães

Para as 12 mães, entrevistadas pelo Midiamax, a dificuldade em consultar os filhos com um pediatra na Rede Municipal de Saúde de Três Lagoas é um fato.

A dona de casa, Jucilene Correa Lacerda, contou que havia levado a filha, Bruna Daniely Correa Lacerda, de 13 anos, pela manhã no Postão.

“A Bruna amanheceu com fortes dores abdominais, não conseguia urinar e parece que estava com febre. Trouxe minha filha imediatamente aqui no Postão e o clínico que a atendeu chegou a colocar uma sonda nela, para poder esvaziar a bexiga. Porém a liberou em seguida, com uma receita de analgésico. Ela passou o dia todo com muita dor e continua sem fazer xixi. Agora à noite tivemos que vir novamente, pois a menina não pode continuar assim. Tenho medo de que, sem ser um pediatra, ele não consiga diagnosticar o que a Bruna tem e receite a medicação incorreta”, receou a mãe.

Alergias, tosses contínuas, gripes, resfriados, caxumba, dor no peito, conjuntivite. Esses foram os sintomas e doenças relatadas pelas mães dos pequenos pacientes.

Questionadas, ao saírem da consulta, quais os remédios foram receitados, a resposta foi, em 92% dos casos, a mesma: Paracetamol (remédio para dor) e Amoxilina (um antibiótico).